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Processo Kimberley evita falar sobre a Rússia

Antes da reunião, que ocorreu entre os dias 1 e 4 da semana passada no Botsuana, a União Europeia e cinco governos escreveram ao presidente do Processo Kimberley a pedir que a questão do conflito na Ucrânia, provocado pela Rússia, estivesse na agenda de discussão.

Ainda nas semanas anteriores à reunião, ministros de países como a Austrália, a Ucrânia, o Canadá, o Reino Unido e os Estados Unidos pediram ao atual presidente do KP, Jacob Thamage, do Botsuana, que criasse um espaço de discussão para esta premente questão.

Em algumas das cartas punha-se a questão das ações militares da Rússia serem compatíveis com o facto de ser um membro ativo do Processo Kimberley.

Todavia, num comunicado publicado ontem, os principais representantes do KP afirmaram que “houve opiniões divergentes em relação à relevância do conteúdo das cartas enviadas para o mandato do KP e, por isso, a questão não foi trazida para discussão no plenário”.

Vários membros do KP estão contra a permanência da Rússia na organização. Os EUA pediram ao KP que considerasse se deveria realmente permanecer na presidência de dois dos seus grupos atuais de trabalho.

Whitney Baird, vice-secretária adjunta do Bureau (gabinete) de Assuntos Económicos e Empresariais do Departamento de Estado dos Estados Unidos, escreveu numa carta: “Mesmo que o KP não chegue a um consenso sobre a questão da existência de diamantes de conflito na Rússia, acreditamos que nem a Rússia nem os seus apoiantes devem ocupar cargos de responsabilidade dentro do KP devido à agressão contínua à Ucrânia.”

Por sua vez, a Ucrânia declarou que era “imoral deixar a Federação Russa e a Bielorrússia [conhecida por ser uma aliada da Rússia] na irmandade KP”.

A própria Rússia, a Bielorrússia, a Arménia, a Venezuela, a República Centro-Africana e o Quirguistão se opuseram às discussões sobre a Rússia. Alguns deles alegaram inclusivamente que o KP se tornou bastante politizado.

Michael Yoboue, coordenador da KP Civil Society Coalition, discursou na reunião plenária, criticando, uma vez mais, o facto de a organização não querer fazer mudanças.

“O KP não autoriza discussões sobre a forma como o maior país produtor de diamantes do mundo, a Rússia, usa a receita proveniente de diamantes para financiar uma guerra cruel contra a Ucrânia, um colega membro do KP”, afirmou Yoboue.

Das várias opiniões diferentes e contrárias, aquele que assumiu um tom mais neutro foi Edward Asscher, presidente do World Diamond Council, que declarou que se tornou notório “que o KP provavelmente não irá desempenhar nenhum papel construtivo na resolução da guerra na Ucrânia e uma guerra entre dois estados soberanos claramente está fora do atual mandato do KP”.

Entretanto, de acordo com o comunicado, o Processo Kimberley vai criar um secretariado permanente na cidade anfitriã da reunião, Gaborone, prevendo iniciar o seu trabalho em Janeiro de 2024.

Redação

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