Origem de um diamante através de análise laboratorial é impossível para já

A origem de um diamante continua a ser motivo de estudo, uma vez que não existe nenhum estudo que mostre de forma suficiente, independentemente do seu método, as características únicas que a permitam determinar e, devido aos custos implicados, não está prevista nenhuma evolução científica.

Segundo o relatório apresentado pelo Rapaport, atualmente e num futuro previsível, o único método definitivo para determinar a origem de um diamante depende de informações sobre o país e/ou a mina de origem, informação essa que pode ser acompanhada através de relatórios, nomeadamente os do GIA.

Através de uma medição rápida e não destrutiva, é possível saber a origem geográfica de algumas pedras preciosas, mas isso não se aplica tão facilmente aos diamantes.

Gemas formadas em locais distintos têm, à partida, características diferentes, tais como os tipos de inclusões, padrões de crescimento, ou variações na química dos oligoelementos (pequenas quantidades de impurezas, comparadas a uma “impressão digital química”).

Segundo o mesmo relatório, a análise de oligoelementos pode ser uma boa ferramenta para determinar a origem de uma pedra preciosa, como um rubi ou uma safira, através da sua alta concentração. Porém, nos diamantes estas concentrações são muito mais baixas e mais difíceis de medir.

Uma das principais razões para esta relativa pureza nos diamantes é o facto de serem constituídos por átomos de carbono fortemente ligados e fortemente empilhados, que tendem a excluir outros elementos à medida que o cristal cresce.

Com técnicas mais especializadas, é possível medir as baixas concentrações de elementos no diamante.

A técnica mais promissora, citada no relatório, é uma versão modificada offline do LA-ICP-MS. Mas esta técnica é lenta, dispendiosa e prejudicial, com análises individuais que demoram dias, custam milhares de dólares e, por vezes, exigem a destruição de milímetros da superfície do diamante.

Devido a estas limitações, até à data foram efetuadas menos de 100 análises de alta qualidade a elementos vestigiais de diamantes.

Mesmo que as futuras melhorias tecnológicas tornassem a análise mais simples e mais barata, a forma como os diamantes se formam na terra também representa um desafio.

Os resultados destes estudos mostram semelhanças e sobreposições notáveis entre diamantes de diferentes depósitos, o que torna difícil determinar a sua origem.

Os processos geológicos e os ingredientes envolvidos na formação dos diamantes são muito semelhantes em todo o mundo, apesar de existirem diamantes invulgares que estão associados a minas específicas.

Imagem: LUCAPA

No geral, de acordo com o relatório analisado, a maioria dos diamantes partilha características geológicas semelhantes, independentemente da sua origem.

Encontramos os mesmos tipos de inclusões minerais na maioria dos depósitos de diamantes em todo o mundo.

Em suma, segundo o Rapaport, existem três requisitos que devem ser cumpridos para que a determinação da origem geográfica seja possível.

Em primeiro lugar, é necessário que as características das zonas de origem das gemas sejam distintas. A análise de elementos vestigiais é considerada a mais promissora para os diamantes, mas os dados existentes sugerem que este primeiro requisito pode não ser cumprido.

Em segundo lugar, é preciso ter uma base de dados de características para comparação, tanto para demonstrar que o primeiro requisito é cumprido, como para usar como base para avaliar espécimes desconhecidos. O agrupamento de uma coleção de diamantes representativa de cada mina apresenta outro obstáculo, uma vez que provavelmente teria de incorporar milhares de amostras de cada localidade.

Em terceiro lugar, deve ser viável medir essas características discriminatórias de forma contínua e comercial, para que se torne um serviço viável oferecido pelos laboratórios gemológicos.

Mesmo que a análise de elementos vestigiais satisfizesse os dois primeiros requisitos e permitisse tecnicamente a determinação da origem, os atuais métodos de alta tecnologia para efetuar esta medição não seriam viáveis para oferecer como um serviço de rotina.

Segundo o Rapaport, a tentativa de cumprir os três requisitos acima descritos exigiria uma combinação de inovação tecnológica e recolha substancial de dados sem garantia de sucesso.

Fonte: Rapaport

Redação

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