Categories: DestaquesMinas

Mina Kimberley: de grande palco da corrida aos diamantes a atração turística

Muitos consideram a mina como o maior buraco do mundo alguma vez escavado à mão. A enorme cratera situa-se precisamente na cidade que lhe emprestou o nome, no Cabo Setentrional, na África do Sul. A mina ocupa uma superfície de 17 hectares, tem 463 metros de largura e uma profundidade de 215 metros. A única empresa a ter tido operações na mina foi a De Beers.

O Big Hole sempre foi uma grande atração ao longos dos anos, facto comprovado pela inicial corrida aos diamantes aquando da sua descoberta e, atualmente, porque fez com que a cidade de Kimberley fosse um dos destinos históricos mais visitados da África do Sul.

Uma histórica descoberta feita por crianças

O início da história da mina Kimberley começa, de certa forma, com a descoberta do primeiro diamante no país, o Eureka. A pedra preciosa, originalmente de 21,25 quilates, foi encontrada perto de Hopetown, no rio Orange, em 1866, pelos filhos de Daniel Johanes Jacobus Jacobs, um agricultor holandês, que somente a via como uma pedra bonita, desconhecendo o seu real valor.

O diamante Eureka
Imagem: De Beers

O diamante acabou por despertar o interesse de um vizinho, Schalke van Niekerk, que tinha alguns conhecimentos na área de geologia. Mesmo depois de fazer uma oferta para comprá-lo à família Jacobs, esta recusou.

A pedra foi levada por van Niekerk para John Robert O’Reilly, que confirmou que era um diamante. No ano seguinte, William Guybon Atherstone, o mineralogista principal da Colónia do Cabo, declarou que o Eureka era o primeiro diamante descoberto na África do Sul e confirmou que valia 800 libras (cerca de 69 383,77 libras atualmente).

O diamante foi lapidado, tomando uma forma de almofada, para 10,73 quilates e vendido e revendido ao longo de um século, até ser comprado pela De Beers, em 1967, e colocado em exibição no Museu da mina, em Kimberley. Esta descoberta pioneira levou ao início da Kimberley Diamond Rush.

Afluência de homens de perto e de longe

Em Maio de 1871, foram encontrados os primeiros diamantes na colina que se chamava Colesberg Kopje, que pertencia aos irmãos De Beers, por Alyrick Braswell. Em Julho do mesmo ano, foi descoberta a mina Kimberley, por Fleetwood Rawstorne, o que suscitou uma disputa pela reivindicação do lugar em que se encontrava e que levou a que fosse inicialmente chamada New Rush e, posteriormente, Big Hole.

Nesse mesmo ano começaram a vir homens de todos os lados com esperança de encontrar o novo material precioso. De Julho de 1871 a 1914, cerca de cinquenta mil mineiros trabalharam para que a mina tivesse o seu aspeto atual. Cavaram o buraco com picaretas e pás, isto é, praticamente à mão, produzindo durante os quarenta e três anos de existência um total de 2 722 kg de diamantes (14 504 566 milhões de quilates).

Trabalhadores do Big Hole
Imagem: Wikipedia

À medida que o número de mineiros aumentava também se tornava mais perigoso para os homens que desciam a fenda trabalhar em condições precárias e insalubres. Essas condições, a escassez de água e o calor intenso no Verão levaram a que muitos morressem na mina. Muitas pessoas até se referiam ao Big Hole como uma mina amaldiçoada.

Cordas usadas para transportar o material e os trabalhadores, em 1872/73
Imagem: Mining Magazine

Em Março de 1888, as operações de escavação foram transferidas para uma única companhia, conhecida como De Beers Consolidated Mines Limited, fundada pelo britânico Cecil Rhodes, que tinha chegado ao país há dezoito anos. 

Ponto turístico de visita quase obrigatória

Em 1914 começava a Primeira Guerra Mundial e encerrava-se definitivamente o ciclo de exploração da mina Kimberley.

Atualmente, a mina e todo o espaço em seu redor foram convertidos numa área turística, onde é possível visitar o subsolo numa recriação de um poço da mina da época, aprender sobre a história da mineração de diamantes em Kimberley e ver memorabília histórica (o diamante Eureka, por exemplo).

Há também uma reconstrução da “Cidade Velha” no Big Hole que dá aos visitantes uma oportunidade de experienciar e de ter uma ideia de como era viver na cidade no final do ano de 1800.

O centro de visitantes está aberto todos os dias, das oito da manhã às cinco da tarde, e é possível agendar visitas guiadas no local. O preço do bilhete para adultos é de 100 rands (cerca de 5,54 euros), para crianças dos quatro aos doze anos 60 rands (aproximadamente 3,33 euros) e o pacote de uma família que inclua dois adultos e três crianças é 320 rands (cerca de 17,74 euros).

Redação

Recent Posts

Consórcio liderado pela Botswana Diamonds recebe licença de prospeção no Essuatíni

O Diamonds of Essuatíni, um consórcio liderado pela Botswana Diamonds, recebeu uma licença de prospeção…

1 ano ago

Angola assina memorando de entendimento com De Beers

A Agência Nacional de Recursos Minerais (ANRM), a Endiama e a Sodiam assinaram hoje um…

1 ano ago

Star Diamond Corporation vai adquirir uma participação de 75% da Rio Tinto no projeto da RTEC

A Star Diamond Corporation anunciou que celebrou um acordo vinculativo com a Rio Tinto Exploration…

1 ano ago

Tiffany & Co abre uma loja virtual na China

A Tiffany & Co abriu uma loja virtual para os consumidores na China, com uma…

1 ano ago

Período conturbado entre a Alrosa e a Endiama

A Alrosa e a Endiama estão a caminhar "para um divórcio complicado" por causa de…

1 ano ago

Angola vai criar observatório Nacional de Combate à Imigração Ilegal, Exploração e Tráfico Ilícito de Recursos Minerais Estratégicos

O Presidente da República, João Lourenço, anunciou por despacho presidencial que este Observatório, a ser…

1 ano ago

This website uses cookies.