Lipari: a maior produtora de diamantes da América Latina

A Lipari Diamond Mines Ltd. é uma empresa canadiana privada que opera a mina Braúna, no Brasil. A empresa recentemente celebrou um acordo para adquirir uma participação de 75% no projeto de diamante Tchitengo, já num estágio avançado, em Angola.

O background da Lipari

O atual grupo de gestão da Lipari adquiriu os kimberlitos de Braúna em 2005, quando o grupo operava sob o comando da Vaaldiam Resources Ltd., uma produtora de diamantes canadiana cotada na Toronto Stock Exchange, que explorava minas de diamantes aluviais nos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso, no Brasil.

Com a Vaaldiam, o grupo investiu mais de 28 milhões de dólares americanos na exploração e desenvolvimento dos kimberlitos daquela que seria a sua maior fonte de riqueza. Em 2012, a Vaaldiam foi adquirida pela Osisko Gold Royalties, também canadiana, e a propriedade da mina Braúna foi transferida para o atual grupo de gestão, em troca de royalties de 1% sobre a futura produção de diamantes.

Após essa transação, 61 milhões de dólares foram investidos no desenvolvimento e construção da mina Braúna. A mina iniciou a produção comercial em Julho de 2016 e, até ao final do ano passado, produziu 943 506 quilates de diamantes brutos naturais.

Diamantes da mina Braúna. À esquerda, cerca de 262 quilates, com uma pedra no meio de 7,46 quilates. À direita, um diamante amarelo de 3,87 quilates, um diamante octaédrico de 3,49 e, o terceiro, um diamante de 2,94 quilates.
Imagem: GIA

A sede da empresa no Brasil está localizada na cidade de Lauro de Freitas, na Bahia. A Lipari tem ainda um escritório de atendimento à comunidade local em Nordestina, situado a apenas 10 km a Norte da mina.

Os quatro principais homens a gerir a empresa

O CEO da empresa é o geólogo canadiano, Ken Johnson; os dois co-presidentes e diretores são Maurice Aftergut e Luiz Bizzi; e o diretor e presidente da subsidiária angolana é Augusto Paulino Neto.

Ken Johnson é o fundador e responsável pela aquisição, financiamento e desenvolvimento da mina Braúna. Tem trinta e oito anos de experiência na indústria de mineração e é um dos grandes impulsionadores do desenvolvimento, da produção e do financiamento de projetos diamantíferos no Brasil, África e Canadá. No Brasil há vinte anos, é um dos maiores especialistas em diamantes do país. Johnson licenciou-se em Geologia na Universidade de Windsor, no Canadá, e obteve certificação como avaliador de diamantes na África do Sul.

Maurice Aftergut é o diretor administrativo da Lipari Holdings BV e já conta com mais de trinta e cinco anos na indústria de diamantes. Iniciou a sua carreira em 1985, na empresa de comércio da sua família, que foi criada pelo seu pai, em Antuérpia, em 1956. A Aftergut N. & Zonen BVBA tornou-se uma das maiores empresas familiares de comércio de diamantes brutos do setor sob a sua liderança, concretizando vendas superiores a 100 milhões de dólares americanos.

Luiz Bizzi possui um PhD em geologia de kimberlitos da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul. Exerceu a o cargo de diretor técnico sul-americano da De Beers durante quinze anos, de 1985 a 2000, e o de diretor do Serviço Geológico Brasileiro três anos, onde desenvolveu e implementou o programa nacional de mapeamento geológico. Bizzi é também presidente e CEO da Rio Grande Mining Company, que está a explorar um depósito mineral no Sul do Brasil.

A quarta figura da empresa é Augusto Paulino Neto, associado à nova aquisição da Lipari, um engenheiro de Minas com especialização em Administração de Empresas. É presidente do Standard & Chartered Bank em Angola e administrador da SOPEMI, empresa operacional registada em Angola para o projeto Tchitengo. Paulino Neto já exerceu o cargo de administrador na ENDIAMA e foi diretor no Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás do Governo angolano.

Presença na América do Sul e, agora, em África

Como as raízes da Lipari começam no Nordeste do Brasil com o desenvolvimento da sua mina de diamantes Braúna, esta é, portanto, a primeira mina de excelência da Lipari, levando-a a ascender ao estatuto de maior produtora de diamantes naturais no Brasil (neste momento produz 95% dos diamantes no país) e na América Latina. É propriedade integral da subsidiária brasileira Lipari Mineração Ltda.

A mina tem “equipamentos próprios para alimentar uma fábrica de processamento de 2000 toneladas de minério kimberlítico por dia”, afirma a Lipari Mineração. A operação a céu aberto está concentrada no depósito de kimberlito chamado Braúna 3.

Imagem: Lipari

Já relativamente ao seu projeto no continente africano, em Janeiro deste ano, a Lipari assinou um acordo para adquirir os direitos de desenvolvimento da Propriedade Tchitengo, situada ao longo da fronteira entre as províncias da Lunda Norte e da Lunda Sul, no Nordeste de Angola, a 945 km da capital, Luanda.

A propriedade abrange trinta kimberlitos, incluindo dois kimberlitos que estão num estágio avançado de desenvolvimento. São eles: o kimberlito Tchiuzo de 10,6 hectares, que foi desenvolvido numa fase de pré-viabilidade de desenvolvimento pela ALROSA durante 2006 a 2013; e o kimberlito Tchegi-38 de 10 hectares, que foi descoberto pela BHP Billiton, em 2008, e atingiu o estágio de amostragem em massa de desenvolvimento.

A equipa de gestão da Lipari tem um grande espírito de desenvolvimento de diamantes e experiência operacional, o que ajudou a empresa a se tornar a maior produtora de diamantes da América do Sul, declara a própria empresa. É neste sentido que, a Lipari está a aproveitar a sua experiência para avançar no desenvolvimento dos kimberlitos Tchiuzo e Tchegi-38 em Angola, onde há potencial para minas de diamantes de classe mundial.

Redação

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