‘Lavagem verde’ levanta debate na indústria de jóias

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Diversas organizações e grupos da indústria pediram à Comissão Federal de Comércio (FTC), responsável pela proteção dos consumidores nos Estados Unidos, que reveja o uso dos conceitos de sustentabilidade, muitas vezes usados de forma errada.

A Comissão Federal de Comércio recebeu pedidos de esclarecimento e até de proibição de termos de marketing bastante usados na indústria joalheira, como “reciclado” e “sem carbono”, pois levam a um fenómeno conhecido como greenwashing ou “lavagem verde”.

A lavagem verde consiste na venda ou promoção de um produto disfarçado de amigo do meio ambiente e que contribui para a sustentabilidade do planeta.

Os pedidos ocorreram após a FTC solicitar a colaboração da indústria relativamente aos seus Guias Verdes, sobre as alegações de marketing ambiental, que estão neste momento em processo de revisão: https://naturaldiamondworld.com/jvc-pede-feedback-da-industria-sobre-revisao-de-guias-ambientais/.

Dos vários comentários dos grupos, aquele que mais se destacou foi o do Jewelers Vigilance Committee (JVC), que fez uma lista com o apoio do US Jewelry Council, da Black in Jewelry Coalition, da CIBJO, da Ethical Metalsmiths, e de outros doze grupos.

De acordo com o JVC, “os membros da indústria lutam para saber como comercializar adequadamente itens como diamantes (naturais ou criados em laboratório), pedras e metais preciosos sem causar confusão ao consumidor. A versão atual dos Guias carece de clareza em várias áreas-chave”.

Referiu que os Guias Verdes não abordam os termos “orgânico”, “sustentável”, e “natural”, e não definem os conceitos de “greenwashing” e de “scrap” (resto), importantes para a indústria joalheira.

Algumas palavras-chave usadas no marketing ambiental
Imagem: National Jeweler

“As palavras sustentável e sustentabilidade têm sido tão usadas e mal utilizadas que parecem se ter tornado sem sentido para o consumidor”, acrescentou o JVC.

O comité pediu à FTC para “desencorajar fortemente” o uso da palavra sustentável e “tentar eliminá-la do marketing”. Realçou que se deve encontrar uma alternativa melhor, mas que o termo terá de ter uma “definição real”.

A American Gem Trade Association (AGTA), uma associação com cerca de 1015 membros dos Estados Unidos e do Canadá dedicada à promoção do comércio de gemas de forma ética, também deu a sua opinião.

“O termo ‘reciclado’ é particularmente problemático na indústria da joalharia. Deve ser proibido o uso do termo em todas as gemas, incluindo nos diamantes e nas pedras coloridas”, afirmou a AGTA.

O Jewelers Vigilance Committee também acredita que a palavra deve ser evitada quando se trata de metais e pedras preciosas.

A organização explicou que os artigos reciclados normalmente são descartados, o que não acontece com os materiais usados na joalharia.

“Os restos deixados nas bancadas são reutilizados e os diamantes melee são enviados para reclassificação, possível lapidação e revenda.”

Outro ponto abordado pelo JVC está relacionado com as alegações de que diamantes criados em laboratório são bons para o meio ambiente, apelando para que sejam rejeitadas.

“Os diamantes de laboratório estão a ser comercializados como sustentáveis e melhores para o meio ambiente. Nenhuma das alegações foi comprovada como verdadeira e ambas são enganosas para os consumidores”, sublinhou o comité.

A AGTA incluiu ainda no seu pedido que o termo “neutro em carbono” deve ser permitido em vez de “sem ou livre de carbono”.

Fontes: JCK, Jewelers Vigilance Committee, American Gem Trade Association

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