Avi Krawitz na abertura do 40.º Congresso Mundial de Diamantes, em Israel (Foto: Frederico Martins/NDW)
A 40.ª edição do Congresso Mundial de Diamantes (40th World Diamond Congress) teve lugar em Ramat Gan, na Leonardo City Tower, nos últimos dias 29 e 30 de Março. Os oradores convidados espelharam as preocupações da indústria com as recentes e necessárias mudanças na forma de realizar os negócios, bem como na cada vez maior exigência dos consumidores.
Avi Krawitz, a voz dos podcasts do grupo Rapaport e especialista em cibersegurança, foi o anfitrião das sessões do Congresso. Na sua intervenção inicial, Krawitz referiu o regresso do “aperto de mão dos diamantes” (diamond handshake), tradição interrompida pelas restrições da pandemia, e também as três regras de ouro da indústria, “Networking, networking, networking” que, como as do imobiliário (Localização, localização, localização) são o objecto deste tipo de fórum.
Inovação como essência criativa
“O nosso valor mede-se apenas pela qualidade de cada um de nós, do nosso sentido como comunidade e pela forma como nos conduzimos”, lembrou Krawitz, referindo-se não só ao Congresso e à Semana do Diamante em Israel, mas a todos os participantes do sector em todo o mundo, dos produtores aos artífices e aos negociantes de jóias.
“O nosso debate de hoje é sobre isso”, acrescentou. “Devíamos questionar-nos como nos espelhamos através dos nossos diamantes e que valores esperamos que reflictam. Nos dias de hoje, cada intervenção da cadeia desta indústria adiciona valor às pedras que usamos e todos os dias somos confrontados com desafios que ameaçam a sua integridade.”
É através da inovação que vencemos a mudança”, salientou Krawitz. “Temos tendência a encarar a inovação como um factor externo, uma ferramenta externa que usamos para sobreviver na nossa indústria. Mas é muito mais do que isso. É a essência criativa que temos de abraçar para fazer com que a indústria se expanda e avance.”
Mudança e responsabilidade social
Boaz Moldawsky, Presidente da ISDE e diamantário de segunda geração, deu as boas-vindas à audiência e passou a palavra a Yoram Dvash, Presidente da World Federation of Diamond Bourses, uma instituição para a qual recuperou maior protagonismo e visibilidade.
Dvash também é, desde 2020, Presidente do IDI (Israel Diamond Institute), instituição de interesse público que se ocupa do desenvolvimento do mercado e da promoção de diamantes brutos.
“As mudanças são muitas e chegam rapidamente”, afirmou, sobre um dos temas comuns em todas as intervenções. “As condições também estão a mudar, os negócios e os consumidores também, assim como a competição. Na era das redes sociais, qualquer celebridade com milhões de seguidores pode mudar o mundo ou, pelo menos, mudar tendências. Temos de estar atentos às mudanças, de as estudar e perceber como influenciam o nosso negócio. E temos de tomar medidas nesse sentido. Temos de nos adaptar ou seremos ultrapassados.”
“Os novos consumidores, as Gerações Y e Z, estão aqui e a tornar-se uma fatia importante da nossa base de clientes”, observou Dvash. “O que querem e em que diferem da geração anterior? Temos de nos ajustar a eles. Os novos consumidores vivem num mundo virtual de redes sociais. Mas também se preocupam com os problemas sociais e ambientais.”
“Exigem responsabilidade social dos produtos que apoiam”, continuou o líder da WFDB. “Querem ter a certeza de que os diamantes que compram não estão a fazer mal à sociedade. “A nossa indústria sempre foi fechada e por isso temos de trabalhar com os pensadores mais jovens para nos adaptarmos aos novos consumidores e para isso também temos aqui os jovens diamantários.”
Branding e diamantes de laboratório
“Outra mudança importante é a criação de marcas. Uma boa marca é, cada vez mais, a chave para o sucesso”, adiantou Dvash. “Os negócios que investem milhões em marketing prosperam e desenvolvem-se. Enquanto os tradicionais, as pequenas lojas, fecham.”
Yoram Dvash salientou que esta nova forma de conduzir os negócios cria também uma maior procura de diamantes, que será dominada pelas grandes marcas e tenderá a acabar com quem lida com quantidades mais limitadas dos mesmos produtos.
A aparição dos diamantes criados em laboratório veio introduzir, segundo o diamantário, outra forma de competição no mercado. Os grandes comerciantes adoptaram-nos como mais uma fonte de receita, mas os seus preços continuam a descer, estando ainda por determinar o efeito que terão no mercado dos naturais.
“Não há dúvida que esses diamantes trouxeram muita gente nova para o negócio”, considerou Dvash. “Mas parecem estar a apropriar-se de uma fatia do mercado dos diamantes naturais. Daqui a alguns anos talvez parte dos seus clientes possam passar a comprar os nossos produtos. E, ainda no futuro, os dois mercados sejam completamente diferenciados e talvez possam coexistir naturalmente.”
Uma indústria diferente
O presidente da WFDB recordou ainda os efeitos da pandemia e da recente guerra da Rússia na Ucrânia, que tiveram consequências globais para a indústria dos diamantes e para a economia em todo o mundo.
Yoram Dvash defendeu respostas rápidas da indústria a esses acontecimentos, a adopção das novas tecnologias e IA, não só no marketing e branding, mas também na classificação em certificação dos diamantes, assim como no corte e polimento das pedras com lasers.
“Temos de olhar para o futuro, acolher a inovação e promovê-la”, declarou. “Temos de aceitar o facto de que a nossa indústria vai tornar-se muito diferente do que tem sido nas últimas gerações. Isso é bom e é algo de que a indústria diamantífera precisa.”
(Este artigo é apenas um de vários da nossa publicação, dedicados ao estado da indústria debatido no 40.º Congresso Mundial de Diamantes)
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