Guiana: Zona diamantífera por explorar

A República Cooperativa da Guiana é um país no extremo norte da América do Sul. A capital é Georgetown e Guiana é uma palavra indígena que significa "terra de muitas águas". Possui uma grande variedade de habitats naturais e uma biodiversidade muito elevada. Apesar do seu passado conturbado, é hoje uma mistura pacífica e diversificada de culturas e grupos étnicos de todo o mundo.

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Diamantes artesanais

Os diamantes são extraídos na Guiana há mais de 130 anos e são comercializados nos principais centros de diamantes na Bélgica, Israel e Emirados Árabes Unidos.

A exploração e mineração neste país é um empreendimento principalmente artesanal e a maior parte dos depósitos estão localizados no noroeste montanhoso. Essa área é conhecida como escudo das guianas.

A mineração artesanal surgiu em 1838 após a abolição da escravatura. Muitos escravos, ao se verem em liberdade, procuraram uma nova vida longe das plantações de açúcar e dos seus ex-proprietários. A mineração manual de ouro e diamantes perto das zonas montanhosas inexploradas e subdesenvolvidas era vista como uma solução para essas pessoas.

Essas pedras preciosas são o terceiro recurso natural mais importante do país e atualmente representam 2% de todos os minerais exportados. A produção de diamantes está intimamente ligada à mineração de ouro porque ambos tendem a ser encontrados nos mesmos depósitos aluviais. Quando os preços do ouro estão baixos, os mineradores extraem mais diamantes, o que explica a natureza cíclica da produção destas pedras na Guiana.

No mercado internacional, as pedras oriundas da Guiana têm o nome de “diamantes britânicos”, o que é uma alusão ao seu passado colonial. No século XXI, a produção declarada de diamantes atingiu uma média de 68,000 quilates por ano. Em 2004 registou a sua maior produção até essa data, extraindo 445,540 quilates. De 2008 a 2012 existiu um declínio constante na produção, provavelmente motivado pelos desafios financeiros que o mundo enfrentava associados à crise global desse ano. Após 2012 houve um aumento constante na produção de diamantes. A produção atual permanece relativamente baixa, o que pode ser atribuído ao aumento dos preços do ouro, minério de eleição do país. Com um preço médio histórico por quilate de 175 dólares americanos, os diamantes da Guiana geram receitas muito generosas.

A exploração de diamantes tem sido impulsionada principalmente por mineiros artesanais. Exploram as margens dos rios à procura de minerais indicadores detríticos não convencionais e localmente específicos, aos quais normalmente atribuem nomes fantasiosos. “Sweetman”, “cantankerer”, “blue jacket” e “tin” referem-se a quartzo, rubi, safira e rutilo, nesta ordem. Outros minerais indicadores da existência de diamantes são o topázio, jaspe, zirconita, ilmenita, ouro, turmalina e cromita.

 A Comissão de Geologia e Minas da Guiana (GGMC) é o órgão regulador que supervisiona a mineração, segurança, proteção ambiental e educação em mineração de diamantes e geologia. Embora tenham esta instituição à sua disposição, a maioria dos mineradores não são bem treinados, nem têm conhecimentos científicos de exploração. Em vez disso, confiam frequentemente em evidências anedóticas e superstições, como apenas procurar em áreas que já produziram diamantes no passado. Isto faz com que a descoberta e exploração de novos depósitos de diamantes seja um evento muito raro. Apesar de tudo isto, a produção continua a gerar lucro a estes mineiros artesanais, há mais de 100 anos, desde que foram descobertas as primeiras pedras preciosas no país em 1887, perto do rio Potaro.

Imagem: wrm.org.uy

Estes empreendimentos artesanais continuam a ser, actualmente, operações de pequena escala independentes ou cooperativos. Esses mineiros artesanais recebem uma parte dos lucros. Desviam os canais de água com o uso de barragens de lama e madeira. Picaretas e pás são os utensílios usados para mover potenciais cascalhos de diamante para lagoas artificiais, com peneiras de 0,2 a 1,0 cm. Escavam pequenos poços de 6 a 7 metros de profundidade que são amparados com madeira cortada. Grupos maiores de mineradores formam coletivos e sindicatos. Os diamantes são frequentemente utilizados ​​como moeda na selva, para comprar combustível, serviços e alimentos. Atividades complementares que apoiam a indústria de mineração incluem serviços de alimentação, contabilidade e limpeza. Empreendimentos de maior escala necessitam de equipamentos pesados, ​emprestados pela indústria do ouro.  

Minerais pesados, incluindo diamantes, são escolhidos a dedo do resto dos minerais lavados e armazenados para venda.

Nos primeiros anos os ‘comerciantes do mato’ aventuravam-se nas montanhas para vender alimentos, bebidas e equipamentos em troca de diamantes. Essa prática evoluiu para se tornar mais comum, e agora esses comerciantes possuem normalmente uma propriedade perto das zonas de atividade mineira, especificamente para essas transações.

Mas hoje os mineradores já levam os seus diamantes para Georgetown, com o propósito de visitar diferentes corretores e obter várias cotações antes de venderem as pedras.

A economia do comércio de diamantes no país é fortemente influenciada pelas mudanças do mercado, o fornecimento de combustível e a estação chuvosa. As fortes chuvas em Maio, Junho, Setembro e Outubro limitam significativamente esta atividade. Nessa altura os trabalhadores procuram emprego nas indústrias de construção, segurança ou serviços de alimentação.

Os especialistas dizem que estas pessoas, normalmente, são mal informadas sobre o valor dos diamantes que possuem, porque tendem a utilizar apenas o peso em quilates como medida. Há uma necessidade de divulgação educacional a esse respeito, com a qual uma melhor compreensão de como os diamantes brutos são transformados em diamantes lapidados iria melhorar a posição de negócio dos mineradores locais.

Imagem: folhademaputo.co.mz

Qualidade, tamanho e cor

Os diamantes economicamente viáveis ​​na Guiana são pequenos, principalmente entre 0,1 a 0,4 quilates. Diamantes com tamanhos de até dez quilates já foram encontrados, mas são muito raros. As pedras maiores e com qualidade de venda já recuperadas foram de 56,75 e 42 quilates, encontradas na região de Ewang em 1926, e na região de Perenong em 2001, respetivamente.

Muitos dos diamantes brutos da Guiana exibem tons verde-azulados ou manchas verdes. Já foram também encontrados diamantes azuis, laranjas, amarelos e vermelhos.

Imagem: blog.poesie.com.br

Um mundo novo por rentabilizar

Os diamantes oriundos deste país apresentam boa qualidade e também existem vários indicativos de que aquela zona tem pedras preciosas destas em abundância. Muitos especialistas crêem que a Guiana é um “desperdício” porque não existe investimento tecnológico que permita uma extração mais rentabilizada nos sítios onde se sabe que há diamantes. Por outro lado, também é considerada uma “perda”, porque consideram que, se existe uma fonte conhecida tão abundante, certamente existirão mais ao longo do país e ninguém se dá ao trabalho de fazer esses estudos e essa pesquisa.

Imagem: tvbrasil.ebc.com.br
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