A presidente do World Diamond Council (WDC) realçou, no seu discurso no fórum do Processo Kimberley (KP) de 2023, no Zimbabué, que a força do KP reside na diversidade de opinião e experiência dos seus membros.
No seu primeiro discurso oficial sobre o KP enquanto presidente do WDC, Feriel Zerouki reforçou ontem que, em vez de ser considerada uma fraqueza, a diversidade é a “fonte de força do KP”, destacando o facto de todos os membros terem o mesmo objetivo em relação ao seu sucesso.
“Aprecio que haja interesses nacionais e empresariais em jogo e que estejamos todos comprometidos em representar fielmente os países e organizações que representamos. Mas a minha experiência ensinou-me sobre a incapacidade de prever as opiniões ou posições das pessoas com base na sua origem, e que um grupo diversificado permite resultados mais bem-sucedidos e estáveis, desde que busquemos constantemente reconhecer as intenções positivas uns dos outros”, sublinhou Feriel Zerouki.
Zerouki afirmou que tem observado uma tendência no Processo Kimberley, mas que também ocorre noutros organismos internacionais, que é a de os membros se organizarem em grupos, tendo em conta “a história, a política, a economia e a geografia” do todo a que pertencem.
“Embora isso seja totalmente compreensível, infelizmente também corre o risco de gerar uma atitude de «nós» e «eles», fortalecendo potencialmente a crença de que o outro lado não entende totalmente de onde a outra pessoa vem. Também pode levar a uma suposição de que os interesses são inerentemente divergentes e que é difícil encontrar algo em comum. É claro que isso pode ter um impacte devastador no progresso.”
A nível pessoal, a presidente do WDC notou ser uma “africana orgulhosa” e referiu o feito que conquistou recentemente, ao ser a primeira mulher a liderar uma organização internacional de diamantes.
Zerouki falou sobre a sua própria história, de criança de origem argelina a uma executiva sénior da De Beers, que revela progresso na indústria de diamantes: “É preciso coragem e não é fácil ir contra a corrente, mas pessoas como nós podem ser os arquitetos e criadores de uma mudança.”
Além da presidente, estiveram presentes na reunião três membros do conselho administrativo do WDC: Udi Sheintal, Elodie Daguzan e Ronnie Vanderlinden.

Imagem: WDC
Feriel Zerouki enumerou dois princípios essenciais para que haja um consenso no Processo Kimberley, considerados dependentes um do outro.
Em primeiro lugar, os recursos de diamantes naturais devem fornecer benefícios justos e equitativos às pessoas e países de onde são originários, permitindo que essas pessoas utilizem os recursos fornecidos para o seu próprio bem-estar e desenvolvimento a longo prazo.
O segundo diz respeito ao sucesso da economia dos diamantes naturais, que depende da manutenção do status de compra aspiracional do produto do ponto de vista do consumidor.
De acordo com a presidente, a organização está totalmente comprometida com um resultado positivo do atual ciclo de revisão e reforma do KP, mostrando-se animada com a atmosfera construtiva que caracterizou as discussões até agora, com a presidência de Angola e vice-presidência da África do Sul.
“Em última análise, o sucesso do Ciclo de Revisão e Reforma será julgado pelo grau em que podemos progredir no fornecimento de uma definição mais pertinente de diamantes de conflito, refletindo sobre os desafios que existem em 2023. Temos a capacidade de chegar lá juntos”, concluiu Feriel Zerouki.
Fonte: World Diamond Council