FACETS2022: o fórum da sustentabilidade e da inovação

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O edifício Handelsbeurs, em Antuérpia, que foi a casa da primeira bolsa mundial de mercadorias, em 1531, funcionou como o palco natural da conferência FACETS2022, que reuniu os maiores nomes da indústria diamantífera em todo o mundo sob o tema “Diamonds in the age of the Consumer”.

A sessão iniciou-se com Ari Epstein, CEO da AWDC, que descreveu o fórum como uma plataforma com o propósito de juntar todos os intervenientes do sector dos diamantes e afirmar a sua presença como um firme compromisso de abordar os temas mais prementes da actualidade e encontrar, em conjunto, soluções para benefício de todas as vertentes do negócio.

Seguiu-se uma intervenção gravada pelo presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, que salientou a sua satisfação pelo evento e o seu impacto positivo na indústria e nas expectativas dos consumidores. Apontou a transparência, a sustentabilidade, a inovação, a diversidade e a garantia da origem dos diamantes, como essenciais para o respeito pelo consumidor que foi o centro deste fórum.

Impacto sócio-económico da exploração

O primeiro debate, moderado por Edahn Golan (Diamond Analytics), juntou Lefoko Moagi, Ministro dos Minerais e Energia do Botsuana, e Bruce Cleaver (De Beers).

Moagi referiu a importância do uso dos lucros das mineradoras para melhorar as condições sócio-económicas do país.

Bruce Cleaver, pelo seu lado, afirmou que não pode haver uma economia diamantífera sustentável sem países com uma economia sustentável, apontando como exemplo a pandemia de Covid e a tardia vacinação nos países menos desenvolvidos como uma prática a corrigir globalmente para combater as desigualdades.

Em foco também esteve o tema do crescente interesse dos consumidores sobre a proveniência dos diamantes e a forma como são extraídos. Ou seja, da sua cada vez maior exigência quanto ao respeito pela ética, pelas boas práticas e pelos direitos humanos.

Governantes belgas com presença marcante

O Primeiro Ministro belga, Alexander De Croo, o Mayor de Antuérpia, Bart De Wever, e Cathy Berx, governadora da província, prestigiaram o evento com a sua presença e as suas intervenções, centradas na importância da indústria de diamantes para a cidade e para o país.

A sustentabilidade e a transparência foram transversais a todas as intervenções dos governantes, num país que tem investido muito em legislação para proteger investidores, comerciantes e consumidores de ilegalidades, assegurando a legitimidade de uma actividade com quase seis séculos de existência.

Alexander De Croo esteve activamente envolvido no processo em que, devido às restrições impostas pelas leis da União Europeia, os bancos belgas começaram a recusar ou a exigir taxas proibitivas aos operadores da indústria diamantífera para os seus negócios. Alguns deles chamaram mesmo os seus clientes para fechar as contas e puseram em risco a normal actividade das empresas.

O governo belga teve de tomar a defesa das companhias que operam no seu território face às disposições da banca, sobretudo na província de Antuérpia, por onde passam cerca de 86 por cento de todos os diamantes brutos do mundo.

A Bélgica será em breve o primeiro país do mundo em que será obrigatório revelar sempre a origem dos diamantes naturais.

Tradição e novos desafios

David Kellie, CEO do World Diamond Council, preconizou novas abordagens para o marketing e comércio dos produtos de luxo que os diamantes representam, claramente em sintonia com o tema da FACETS2022.

Apesar dos números e argumentos cuidadosamente apresentados, Kellie encontrou alguma resistência entre os representantes mais tradicionais da indústria.

Num mundo em que os executivos masculinos ainda são a grande maioria, as mulheres presentes no fórum mereceram uma ovação da assistência pelos seus sucessos nas instituições ligadas aos diamantes. Continuam, no entanto, a ser apenas uma pequena percentagem dos seus líderes.

As empresas tecnológicas tiveram uma importante participação nesta primeira edição da FACETS. Como o caso da Sarine, representada por David Block, entre outras importantes companhias responsáveis por inovações que estão a revolucionar a indústria, desde a exploração e a mineração, até à gestão, comercialização e controlo de origem através de blockchains e outras plataformas que representam o estado da arte da globalização.


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