A indústria diamantífera indiana tem sido uma das mais lesadas pelo conflito Rússia – Ucrânia. Com a Alrosa impossibilitada de fornecer matéria-prima – e enquanto uma maiores fornecedoras de diamantes naturais do país -, a Índia começa a explorar outras opções.
Entre 20 e os 30% das fábricas na Índia já passaram a produzir diamantes sintéticos. Quem o diz é Ramesh Zilariya, presidente da Diamond Workers Union India, que atribui à guerra na Europa – e resultantes sanções à Rússia -, a responsabilidade da quebra no abastecimento da pedra preciosa.
Com grande parte dos trabalhadores alocada ao corte e lapidação de diamantes naturais, esta é uma alteração estratégica na forma como os indianos abordam a produção – que não se deve apenas à falta de fornecimento de diamantes naturais, mas também à maior procura por diamantes sintéticos nos EUA. A inflação nos Estados Unidos e a redução de 60% no preço face à pedra natural ajudam a explicar esse aumento na procura.
No início da crise de matéria-prima, as empresas reduziram horários laborais, encurtaram a semana de trabalho, e enquanto alguns foram mesmo despedidos, outros foram dispensados de forma temporária – só em maio foram dispensados, pelo período de duas semanas, mais de 250 mil. Muitos destes voltam agora ao trabalho para encontrar os seus diamantes naturais substituídos por sintéticos.
“Novos laboratórios de produção de diamantes sintéticos estão a chegar a Surat, isso irá gerar novos postos de emprego”, garante Zilariya.
Sobre o assunto, o presidente do Gem & Jewellery Export Promotion Council (GJEPC), Colin Shah, considera que “os laboratórios de criação de diamantes sintéticos têm o potencial para construir e manter uma indústria de corte e polimento mais forte e podem oferecer mais estabilidade e confiança interna”.
O presidente do Gem & Jewellery Export Promotion Council (GJEPC) também se pronunciou sobre o assunto dos diamantes sintéticos e afirmou que “Os laboratórios de criação de diamantes sintéticos têm o potencial para construir e manter uma indústria de corte e polimento mais forte e podem oferecer mais estabilidade e confiança interna”.
O GJEPC já tinha abordado o ministro do comércio na Índia, Piyush Goyal, no sentido de integrar a indústria de diamantes sintéticos no esquema de incentivo governamental à produção com a proposta de que a criação de fábricas de produção iria gerar um milhão de novos postos de trabalho e também um possível lucro de aproximadamente cinco milhões.
A produção indiana de diamantes sintéticos já representa 15% do fornecimento mundial, e os números mais recentes mostram um aumento na produção de quase 110% ao longo do ano fiscal (de julho a junho) de 2022, face ao período homólogo do último ano.