ENDIAMA: omnipresente no Norte de Angola

Apesar de existir há quarenta e um anos no território angolano, a ENDIAMA é uma empresa cuja origem foi inspirada noutra empresa pioneira no país. Opera e marca presença nos mais variados empreendimentos um pouco por todo naquele que é um dos países de excelência no mundo diamantífero.

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A ENDIAMA E.P. (Empresa Nacional de Diamantes de Angola), com sede em Luanda, é uma empresa pública para o exercício da “prospecção, reconhecimento, exploração, lapidação e comercialização de diamantes, criada a 15 de Janeiro de 1981, como concessionária exclusiva dos direitos mineiros no domínio dos diamantes”, conforme informação da própria empresa.

É a grande sucessora da DIAMANG, uma empresa de capitais mistos de grupos financeiros de países como Bélgica, Estados Unidos, Portugal, África do Sul e Reino Unido, em funções durante quase setenta anos (de 1917 a 1986).

Além da sua principal área de atuação, a mineração, a empresa está noutras áreas relevantes, como o transporte e logística, saúde, segurança, responsabilidade social e desporto.

“Uma trajetória secular”

A ENDIAMA salienta que a sua história de atividade de prospecção e exploração de diamantes pode ser considerada uma trajetória secular que se iniciou no Nordeste angolano e está diretamente ligada ao início da exploração dos diamantes no país, mais precisamente em 1590, quando foram registadas as primeiras ocorrências de diamantes no território.

Depois de algumas descobertas de diamantes no início do século XX, pode dizer-se que tudo começou com a “avó” da ENDIAMA, a PEMA (Pesquisa de Explorações Mineiras de Angola), em 1913, quando lhe foram concedidas licenças de direitos de mineração. No entanto, com a criação da DIAMANG (Companhia de Diamantes de Angola) a 16 de Outubro de 1917, logo no ano seguinte foram transferidos todos esses direitos da PEMA à mais nova, e posteriormente com maior longevidade, companhia em cena.

A DIAMANG enquanto empresa acabou em 1986, mas os ativos da Companhia foram oficialmente transferidos para a ENDIAMA, em 1988 (com o conflito civil ainda em curso).

A ENDIAMA representa e continua, até os dias de hoje, o legado das suas antecessoras. Em 2003, 2004, 2005 e 2012 foram respetivamente criadas as seguintes subsidiárias: a Endiama Prospecção e Produção, a Endiama Logística Integrada e Trading, a Endiama China International Holding Limited e a Endiama Mining.

As seis principais figuras à frente da ENDIAMA

Todos os elementos que compõem o quadro de administração da empresa foram nomeados no dia 1 de Novembro de 2017.

O Presidente do Conselho de Administração, José Manuel Augusto Ganga Júnior possui um Ph.D. em Economia e Gestão de Empresas do Instituto de Minas de São Petersburgo, na Rússia, e também é formado em Alta Gestão pela Universidade Católica portuguesa.

A sua jornada na ENDIAMA começou em 1980 enquanto diretor residente da empresa na província da Lunda-Norte, até 1995; pode incluir-se ainda no seu portefólio de cargos, que assumiu ao longo dos anos, o de diretor administrativo e financeiro da Sociedade Mineira da Catoca, em 1996, e entre 2006 e 2010, foi membro do grupo técnico para reformulação da legislação geológico-mineira. Em 2012, foi eleito o melhor gestor angolano do ano, na segunda edição dos Prémios Sirius, pela Consultora Deloitte.

O Administrador Executivo, para a Área de Administração e Finanças, é Joaquim Filipe Luís, licenciado em Economia e Gestão de Empresas pela Universidade Agostinho Neto, em Angola. Desde 1980 na empresa, já trabalhou nos projetos no Lucapa e mais recentemente no Cuango, ocupando o cargo de Presidente do Conselho de Gerência na Sociedade Mineira do Cuango entre 2016 e 2018.

Osvaldo Jorge de Campos Van-Dúnem é o Administrador Executivo para a área de Recursos Humanos e Assuntos Jurídicos, licenciado em Engenharia Civil pela Universidade Agostinho Neto e mestre em Gestão para a Alta Direção pela Universidade Católica Portuguesa. Era Administrador Executivo da ENDIAMA antes de ocupar o seu atual cargo.

Ana Maria Feijó Bartolomeu, Administradora Executiva para a Área de Geologia e Desenvolvimento Mineiro, licenciou-se em Geologia em 1991, na Universidade Agostinho Neto e fez uma Pós-Graduação em Águas Subterrâneas no Instituto Superior Técnico, em Portugal. Vem exercendo funções relacionadas com a área de geologia desde 1992.

O atual Administrador Executivo para a Área de Planeamento Estratégico e Operações Mineiras é Laureano Receado Paulo. No seu currículo académico consta uma licenciatura em Engenharia de Minas pela Universidade Técnica BAF (Alemanha), um mestrado em Planificação e Tecnologia de Minas a Céu Aberto pela mesma universidade, uma Pós-Graduação em Estudos e aprofundamento de conhecimentos sobre economia de empresas mineiras e de recursos minerais (Universidade Técnica de Berlim) e um doutoramento em Engenharia de Minas pelo Instituto de Geociências da Universidade Técnica de Berlim.

Desempenhou várias funções dentro da ENDIAMA, tais como Chefe de Departamento do Ambiente, Administrador no Projeto Luo, Assistente do Conselho de Administração da ENDIAMA, de 2006 a 2017. Laureano Receado Paulo já foi consultor de várias empresas e é o co-fundador da iniciativa económica entre Angola e Alemanha, desde 2007, desempenhando as funções de vice-presidente da DAWI.

A sexta e última figura é o Administrador Não-Executivo para a Área de Segurança, Santana André Pitra “Petroff”. Com frequência na licenciatura em Direito, começou a trabalhar, em 1975, quando Angola se tornou independente, como o primeiro Comandante da Polícia Nacional. De 1978 a 1982 foi Governador do Huambo, entre 1992 e 1996 foi Comandante e Ministro do Interior. Entre 2017 e 2018 foi reeleito como consultor do Presidente da República de Angola.

Uma multitude de projetos mineiros

Neste momento, a ENDIAMA tem projetos por todo o país, mas está maioritariamente presente no Norte de Angola, em especial com os seus trinta e quatro projetos na província da Lunda-Norte.  

A empresa divide em três categorias os seus atuais projetos. Os que estão em promoção: Muanga, Cassango, Gambo, Lozo, Chitonga, Culimala, Queve, Quitúbia, Alto Cuanza, Conjo, Cuango Prosp., Muige, Luei, Quiçamba e Cuale; os projetos em prospecção: Tchinguvo, Sequege, Tchiafua, Quitapazunzo, Cassanguidi, Luanginga, Lacage, Chitamba, Mualengue, Mussanja, Sachenda, Bange Angola, Chiumbe, Luembe, Projecto Yetwene, Lóvua, Mufuma, Cambondo, Milando, Cassanza, Luachimba, Sanjungo, Chissema, Satchifunga (minas aluvionares), Dala, Gango, Tchisombo, Luaxe, Lulo, Luangue; e Sangamina (minas kimberlíticas).

E os projetos em produção que são os seguintes, tendo em conta as províncias onde se situam e a percentagem detida pela ENDIAMA:

 

Projetos atuais em produção
Imagem: Sara Almeida

A Empresa Nacional de Diamantes de Angola anunciou, no início do ano, que estimava produzir 10,5 milhões de quilates de diamantes e arrecadar 1,4 mil milhões de dólares americanos, isto é, mais cerca de dois milhões de quilates em comparação com o ano passado (8,7 milhões).

“Valores que brilham” nas comunidades

Na área da educação, a ENDIAMA atua através da sua Fundação Brilhante que, em parcerias com os projetos mineiros, fomenta a educação no país e também elabora vários projetos de filantropia. A Fundação Brilhante, constrói, equipa escolas e distribui materiais escolares, todos os anos, às comunidades das regiões onde está presente.

A ENDIAMA possui ainda setenta e oito bolseiros em Angola, Portugal, Inglaterra, na Rússia, Arménia e no Zimbabué.

No dia 30 de Julho de 2020, cinco bolseiros da Universidade de São Petersburgo, na Rússia, terminaram a sua formação que se tinha iniciado em 2015. Os bolseiros licenciaram-se em áreas como Informática e Computadores, Gestão de Empresas e Economia.

Bolseiros da empresa na Rússia
Imagem: ENDIAMA

A ENDIAMA aposta também na formação profissional dos seus trabalhadores de forma a melhorarem o seu desempenho, garantindo que se traduz “no aumento da qualidade dos serviços prestados, refletindo-se positivamente no nível geral de satisfação de todas as partes interessadas, o que, consequentemente, leva a um aumento de produtividade”.

Os cursos mais realizados são os da área de geologia e a formação de hábitos comportamentais, mas mediante um plano de formação anual, todos os setores poderão estar associados com as formações profissionais.

Todos os anos a ENDIAMA realiza o Natal Mineiro, como uma maneira de manter a relação com as comunidades. O evento é “inspirado nos valores da empresa, nomeadamente na busca de excelência, inovação e respeito pelos outros”.

O objetivo é fazer com que a ENDIAMA participe ativamente na vida das comunidades e promova a cultura, a gastronomia, os hábitos e os costumes locais.

Relativamente à área da saúde, foi criada em Dezembro de 1991 a Clínica Sagrada Esperança, na ilha de Luanda, com o propósito de dar assistência médica não só aos funcionários da ENDIAMA como também ao público em geral.

Neste momento, a clínica conta com várias unidades espalhadas pelo país, mais especificamente nas províncias do Bié, da Lunda-Sul e do Huambo.

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