Diferentes versões da origem do lendário Spoonmaker

Considerado o quarto maior diamante do seu tipo, o Spoonmaker, de 86 quilates, possui uma forma de pêra e está rodeado por quarenta e nove diamantes de corte brilhante, ou seja, um tipo de lapidação que realça o brilho das facetas de cada diamante.

Pode ser visto numa caixa de vidro pendurada na parede da sala de exposição do Tesouro Imperial do Museu do Palácio Topkapı onde, juntamente com os outros diamantes que o envolvem, tem semelhanças com um cenário em que a “lua cheia ilumina um claro e brilhante céu com as suas estrelas”.

Em Maio deste ano, correram rumores de que o diamante estava desaparecido e tinha sido substituído por uma imitação. No entanto, İlhan Kocaman, um oficial da diretoria dos palácios nacionais que supervisiona o Palácio Topkapı, negou todas as alegações.

Kocaman afirmou na época: “Nós preservamo-lo através de todos os tipos de medidas de segurança exigidas pelo museu. Esta situação já foi alvo de especulações anteriormente. Nunca houve um caso de falsificação. O diamante está exposto no salão há 32 meses.”

À semelhança de vários famosos diamantes da história, existem algumas versões da sua origem e possíveis donos. Foi referido em alguns contos, ao longo dos anos, que os seus donos poderão ter sido um pescador ou até mesmo a mãe de Napoleão Bonaparte, histórias que já fazem parte da cultura popular turca.

A versão do pescador e das colheres

A primeira história tem como personagem principal um pescador que vasculhava um monte de lixo ao longo da costa, em Istambul, quando encontrou uma pedra brilhante, sem saber o seu real valor.

Depois de a carregar no bolso por alguns dias, o pescador foi ao mercado dos joalheiros, mostrando-a logo ao primeiro joalheiro que encontrou.

O joalheiro reconheceu o diamante, mas enganou o pescador. Segundo o historiador oficial do tribunal Otomano, Rasid, o joalheiro afirmou que a pedra era um pedaço de vidro e se o pescador quisesse poderia trocá-la por três colheres.

O pescador achou uma troca justa e ficou com as colheres, deixando um valioso tesouro com o astuto joalheiro.

Ainda de acordo com outros contos, o nome do diamante deriva do facto de a sua descoberta ter sido feita por um fabricante de colheres.

A versão da mãe de Napoleão Bonaparte

A segunda história mais contada surgiu recentemente entre os historiadores. Nela, George Pigot, nascido em França, mas duas vezes presidente da Companhia Britânica das Índias Orientais, comprou o diamante a um marajá de Madras, na Índia, em 1774.

Passado algum tempo, o diamante, que estava num alfinete, foi leiloado em Paris, onde se acredita que a mãe de Napoleão tenha comprado a jóia. Quando o filho foi exilado, o seu alfinete de diamante foi colocado à venda para o resgatar.

A peça foi comprada por um homem turco que servia Tepedelenli Ali Paşa, que se rebelou contra o Império Otomano e acabou por ser executado pelo sultão Mehmed II. Todas as suas jóias passaram a fazer parte do Tesouro Otomano.

O diamante Pigot

Muitos alegam que o diamante Spoonmaker na realidade é o diamante Pigot, adquirido por George Pigot, como anteriormente referido. O diamante Pigot teve a sua origem na Índia, no século XVIII, e depois foi levado para a Europa, onde permaneceu durante meio século, até ser vendido a um governante do Egipto na década de 1820. Desde então que o paradeiro do diamante é desconhecido.

As histórias sobre os dois diamantes começaram a ser comparadas, mas como o diamante Pigot foi registado como tendo 47,38 quilates e forma oval, é provável que os dois não sejam o mesmo diamante.