Diamantes: novo alvo de sanções à Rússia

Funcionários dos Estados Unidos e da União Europeia reuniram-se com figuras da indústria da joalharia, segunda-feira, para discutir potenciais restrições aos diamantes russos, como forma de sanção à economia do país.

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O dirigente do Gabinete de Coordenação de Sanções dos EUA, James O’Brien, juntou-se ao director-geral adjunto da Comissão Europeia e chefe da aplicação da lei comercial, Denis Redonnet, para conduzir as conversações, declarou, segunda-feira, o Departamento de Estado norte-americano.

Os participantes incluíram os escritórios americanos e europeus de retalhistas de diamantes, fabricantes, laboratórios e associações comerciais da indústria.

“A Rússia continua a ganhar milhares de milhões de dólares com o comércio de diamantes, e a discussão centrou-se nas formas mais eficazes e impactantes de perturbar esse fluxo de receitas”, prosseguiu a declaração.

“Os Estados Unidos e a União Europeia continuam empenhados em impor consequências económicas à Rússia pela sua guerra”.

A Bélgica, enquanto grande comercializadora deste minério na Europa, é a maior interessada num mecanismo que limite a compra de diamantes russos.

Atualmente, os diamantes em bruto provenientes do país liderado por Vladimir Putin correspondem a 30% de todo o comércio mundial deste recurso.

Segundo o jornal Politico, uma total proibição da importação dos diamantes russos está a ser discutida há meses em Bruxelas, mas a proposta nunca avançou devido às preocupações da Bélgica, receosa de que Antuérpia, um dos maiores centros mundiais de transformação e venda de diamantes, pudesse perder grande parte do comércio para destinos como o Dubai ou a Índia.

Em alternativa, o Governo e as autoridades belgas têm pedido à Comissão Europeia e ao G7 um sistema de rastreio dos diamantes, de modo que se possa saber a origem de cada um deles e evitar que a Rússia consiga contornar as sanções.

Assim, esta medida poderá reforçar a posição da Bélgica enquanto maior comercializadora de diamantes de forma transparente e ética.

“Com acesso controlado a 70% do mercado, o G7 tem o poder de criar um sistema totalmente rastreável com um impacte real no comércio”, declarou ao jornal Politico o porta-voz do Centro Mundial de Diamantes da Antuérpia (AWDC), Tom Neys, ao Politico, frisando que a participação da Índia neste mecanismo é crucial.

Também o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, declarou ficar satisfeito se este mecanismo se constituir.

“A abordagem da rastreabilidade é a correta: irá aumentar a confiança dos consumidores no setor, assegurando que os diamantes de sangue deixarão de estar disponíveis nas nossas lojas. A Bélgica e a sua indústria diamantífera trarão à mesa os conhecimentos necessários para que a proibição dos diamantes russos aconteça o mais rapidamente possível”, referiu Alexander de Croo.

Da parte dos líderes do G7 há, para já, apenas o compromisso, datado de 24 de Fevereiro, de “trabalhar em conjunto em novas medidas relacionadas com os diamantes russos, brutos e por lapidar”.

O jornal Politico aponta que a cimeira da organização no Japão, agendada para Maio, será a altura escolhida para finalizar um acordo.

As importações de diamantes russos para a Bélgica caíram após o início da guerra, à exceção do mês de Janeiro deste ano, num aumento que deverá estar relacionado com o Dia dos Namorados.

Antes da invasão da Ucrânia, os diamantes russos representavam 25% do total comercializado em Antuérpia.

Fontes: Rapaport, CNN Portugal, Politico

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