Diamantes africanos financiam grupo Wagner

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O Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro norte-americano sancionou quatro empresas de diamantes e ouro, que estão alegadamente ligadas ao grupo de mercenários Wagner, assim como o mercenário Andrei Ivanov por negociar armas e projetos mineiros com funcionários do Governo do Mali.

As sanções foram apresentadas pelo porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, que reiterou as suas críticas ao grupo e à exploração abusiva em África.  

O grupo Wagner esteve ao lado das tropas russas durante a invasão à Ucrânia, mas ao se sentirem abandonados pelo Governo russo, se amotinaram no dia 24 de Junho. A rebelião foi contida a 200 quilómetros de Moscovo. O seu fundador e empresário, Yevgeniy Prigozhin, está exilado na Bielorrússia.

Todavia, apesar dos conflitos internos na Rússia, os Estados Unidos anunciaram sanções a empresas acusadas de financiar o grupo através de pontes comerciais de ouro e diamantes entre África, Emirados Árabes Unidos e Rússia.

Uma das empresas é a Midas Ressources SARLU, sediada na República Centro-Africana (RCA) e associada ao fundador do grupo Wagner.

A Diamville SAU, também sediada na RCA, compra ouro e diamantes e também é controlada por Prigozhin. A entidade enviava os diamantes para compradores nos Emirados Árabes Unidos e Antuérpia.

A Industrial Resources General Trading, distribuidora de produtos industriais sediada no Dubai, apoiou financeiramente Prigozhin através das suas relações comerciais com a Diamville. Em 2022 foi a Industrial Resources que recebeu os diamantes da RCA vendidos pela Diamville.

Também a Limited Liability Company DM, sediada na Rússia, foi sancionada por ter participado nos esquemas da venda de ouro africano.

A Wagner tem estado na RCA, um dos países mais pobres do mundo, em guerra civil desde 2012, onde lucra atualmente cerca de 500 milhões de dólares norte-americanos por ano com ouro e diamantes através do controlo das minas.

Uma investigação publicada em Dezembro de 2022 pelo jornal belga De Standaard, a rede de meios de comunicação European Investigative Collaborations (EIC) e o projeto All Eyes on Wagner concluiu que “em troca de apoio militar ao Governo da RCA, o grupo Wagner tem acesso a matérias-primas preciosas”.

“O grupo Wagner cometeu violações generalizadas dos direitos humanos e apropriou-se de recursos naturais em vários países africanos”, declarou fonte do departamento do Tesouro norte-americano.

Segundo o Governo norte-americano, as empresas agora sancionadas envolveram-se em negócios ilícitos de ouro e diamantes para financiar o grupo, de modo a que estes se sustentassem e se expandissem na Ucrânia e em África. Porém, devido ao conflito interno na Rússia, nos últimos dias, Vladimir Putin afirmou que o Governo da Federação Russa pagou cerca de mil milhões de dólares norte-americanos aos mercenários entre Maio de 2022 e Maio de 2023.

Apesar dos conflitos internos na Rússia, Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros do país, afirmou que os mercenários vão permanecer na RCA e no Mali.

Desde 2020 que os serviços secretos de defesa dos EUA alertam para o facto de os Emirados Árabes Unidos serem um meio de financiamento do grupo Wagner. Facto negado pelos EAU.

A Wagner, fundada em 2014, combateu na Líbia, na Síria, na República Centro-Africana, no Mali e noutros países, e travou algumas das batalhas mais sangrentas da guerra na Ucrânia, incluindo em Bakhmut.

Fontes: Idex Online, Associated Press, The Washington Post, The Guardian, Reuters, Independent, CNN, VOA News, Le Monde, Aljazeera, Politico, rferl.org, carnegieendowment.org, Financial Times, cbc.ca, Los Angeles Times, The New York Times e ADF Magazine

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