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Diamang: uma história de Angola

A exploração de diamantes em Angola, teve o seu início em 1917, mas os primeiros registos de diamantes remontam a 1912, como conta Luís Chambel, coordenador do estudo “Cem Anos de Diamantes em Angola”, lançado em Outubro pelas consultoras Sínese e Eaglestone. Com base nos registos históricos, o engenheiro de minas e consultor em geologia económica Luís Chambel situa as descobertas dos primeiros diamantes na Lunda Norte, no ribeiro Mussalala: “Foram descobertos por geólogos belgas, na sequência de trabalhos que estavam a ser realizados na atual República Democrática do Congo.”

A 16 de outubro 1917 surgiu a Companhia de Diamantes de Angola (Diamang), que foi uma empresa de capitais mistos dedicada à prospecção de diamantes em Angola entre 1917 e 1988. Em 1977 boa parte de seu capital já havia sido nacionalizado, na sequência da independência da República Popular de Angola, com as frações restantes sendo adquiridas em 1988 para formar a Endiama. A sede era em Lisboa, mas possuía escritórios no Dundo, em Bruxelas, em Londres e em Nova Iorque. O governo colonial detinha cerca de metade dos lucros da empresa que, em meados do século XX, chegou a ser uma das cinco maiores diamantíferas do mundo.

A Diamang era gigantesca em todos os sentidos. Abrangia cerca de 52 mil quilómetros quadrados na zona das Lundas, fazendo fronteira com as atuais Zâmbia e República Democrática do Congo. Dada a sua dimensão, era um sorvedouro de mão de obra, chegando a ter perto de 30 mil trabalhadores. Angola é um dos maiores produtores mundiais de diamantes. As principais áreas de extração de diamantes do país são localizadas nas províncias da Lunda-Norte e Lunda-Sul, no Nordeste de Angola. Tem sido considerável como fonte de financiamento da economia do país, mas também vindo a perder a perder influência, nos últimos anos, sobretudo em relação à sua contribuição para o produto interno bruto. Com uma produção anual de cerca de 5 milhões de quilates, compete agora com outras áreas económicas de grande desenvolvimento.

Angola já esteve em quarto lugar no que se refere à extração, a nível mundial. Em 2020, segundo a Forbes, representa cerca de 5% desse mercado, ocupando a 7ª posição do Ranking dos principais países produtores de diamantes brutos, liderado pela Rússia. Já em valor, Angola aparece na terceira posição com 1,1 mil milhões de dólares.

Em mais de um século de exploração, três pontos são realçados por especialistas internacionais renomados, que destacam o facto de “Angola ter uma indústria bem estabelecida, produzir há muito tempo e ter potencial de descobertas de novos depósitos”, segundo declaração proferida por Ken Tainton, director de exploração da multinacional anglo-australiana Rio Tinto para África-Euroásia. O referido responsável afirmou ainda que Angola está actualmente entre o top 3 dos destinos mais atraentes para os investidores do sector dos diamantes.

Em paralelo à chegada de novos investidores está em curso o processo de concessão da mina “Chiri” na Lunda Norte, que visa iniciar trabalhos exploratórios relativos à sua exploração no início de 2022. As autoridades angolanas assinaram recentemente um acordo-contrato de investimento mineiro de prospecção, pesquisa e reconhecimento de depósitos primários de diamantes (kimberlitos), entre a Endiama e a multinacional anglo-australiana Rio Tinto.

O diamante é composto de carbono e é formado na base da crusta terrestre, a pelo menos 150 quilómetros de profundidade. Para que se crie, é necessário que esteja num ambiente estável, temperaturas muito elevadas. Com a movimentação no interior da terra, há libertação de energia. O magma, procura uma válvula de escape e aproveita falhas geológicas para chegar à superfície. O diamante aproveita a saída do magma para chegar emergir. Ao chegar à superfície, o magma se solidifica e forma as chamadas rochas kimberlíticas. O diamante primário fica incrustado nessas rochas. O projecto Chiri consubstancia-se num depósito primário, localizado na Lunda-Sul e é considerado o terceiro maior kimberlito a ser explorado no país, superado apenas pela mina do Luaxe e Catoca.  

A mina de diamantes Catoca, fica em Angola, na província de Lunda Sul, próximo da cidade de Saurimo. Seu kimberlito é o quarto maior do mundo, com uma chaminé de 600 metros de profundidade. A mina de Luaxe, situada nas proximidades de Catoca, é a principal esperança da Alrosa para fazer face à tendência decrescente da produção mundial de diamantes, segundo o CEO da maior diamantífera do mundo, Sergey Ivanov. Em relação a tendência de mercado prevê-se que, na próxima década, a procura desta pedra preciosa cresça significativamente, sobretudo com a contribuição dos principais mercados compradores, a Índia, a China e os Estados Unidos da América. Os EUA e a China continuam a ser os maiores mercados de venda a retalho de diamantes, representando 50% de toda a procura mundial.

A razão desta procura, no caso dos norte-americanos, prende-se não só com o poder de compra que os americanos têm, que os leva a optar pelo consumo de bens de luxo, mas sobretudo pelo trinómio “amor, resistência e valor duradouro” que esta pedra preciosa representa na cultura americana.

(Imagem: puntocrochet.com, Estação Cronográfica; Fontes: Jornal de Angola, Wikipédia, Forbes)

Redação

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