Criminalidade aumenta no setor de jóias

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O número de assaltos, que se tinha mantido estável nos últimos anos, aumentou em 2022, o que deixa os joalheiros e retalhistas com receio e inseguros, de acordo com os dados apresentados pela Jewelers’ Security Alliance.

Para o presidente da Jewelers’ Security Alliance (JSA) em Nova Iorque, John Kennedy, os joalheiros nunca estiveram tão nervosos.

John Kennedy. Imagem: JCK Online

Em anos anteriores os crimes em Nova Iorque eram cerca de 1300 a 1600, mas em 2022 houve um aumento de 27%, que totalizou 2141 incidentes.

Os furtos colocam em risco os trabalhadores, mas também criam aos clientes receio de se dirigirem às lojas, explicou John Fierst, vice-Presidente de serviços e análises de risco global do Jewelers Mutual Group em Neenah, Wisconsin.

John Fierst. Imagem: JCK Online

Segundo as explicações de John Kennedy, as joalharias em centros comerciais são as mais vulneráveis, pois os assaltantes, com acesso a tecnologias, desativam os alarmes e as câmaras e concluem os seus serviços sem grandes complicações ou invadem as lojas, enquanto estão abertas.

As multidões em centros comerciais são uma boa manobra de distração para os assaltantes, assim como o acesso a várias possíveis portas de entrada e de saída, explicou a Presidente e diretora executiva da Coverage Solutions 1976, Patricia Low.

Patricia Low. Imagem: JCK Online

Apesar de a pandemia ter diminuído o número de pessoas em centros comerciais trouxe outro fator encorajador aos assaltantes: menos trabalhadores nas lojas.

O vice-Presidente executivo da Berkley Asset Protection, Gregory Smith, anunciou que os regulamentos dos centros comerciais proíbem, muitas vezes, as lojas de contratarem seguranças privados. A isto junta-se a ação limitada a que estão sujeitos e ao risco de serem processados.

Gregory Smith. Imagem: JCK Online

Outro local onde o risco de assaltos aumentou foram as feiras onde, por norma, se disfarçam de trabalhadores durante as montagens para terem acesso ao evento, explicou John Kennedy.

Existe ainda um fator que tem incentivado o aumento da criminalidade no sector: as penas e os processos judiciais estão mais brandos, declarou Gregory Smith.

Exemplo disso é o caso em que um tribunal alemão condenou cinco homens a penas de prisão que oscilavam entre os quatro anos e quatro meses e seis anos e três meses, tendo um sido absolvido, pelo roubo de jóias do século XVIII no valor de mais de 122 milhões de dólares, num museu de Dresden.

O Green Vault onde estavam as jóias. Imagem: Grünes Gewölbe, Staatliche Kunstsammlungen Dresden; Photo: David Brandt

Os assaltantes, todos da família Remmo conhecida por atos criminosos, tinham entre 24 e 29 anos e prepararam minuciosamente o assalto ao Green Vault a 25 de Novembro de 2019, tendo apenas recebido a sentença em Maio de 2023.

O espólio roubado era composto por 31 que continham mais de 4300 diamantes.

Alguns dos itens roubados: uma estrela do século XVIII da Ordem Polaca da Águia Branca e uma espada de diamantes cor-de-rosa. Imagem: Grünes Gewölbe, Staatliche Kunstsammlungen Dresden; Photo: Karpinski. © SKD

Os cinco homens foram condenados por fogo posto, lesões corporais, roubo com uso de armas e danos à propriedade.

Apesar de condenados, existem peças que continuam desaparecidas, tais como o “branco saxão”, um diamante de 49 quilates que os analistas estimam valer até 12 milhões de dólares, um colar de diamantes e um grande laço usado pela Rainha Amalie August da Baviera.

Para colmatar esta insegurança vivida na indústria, o grupo Richemont lançou a plataforma digital Enquirus, onde as marcas listam as jóias e relógios roubados.  

O projeto foi concebido em colaboração com fabricantes de jóias e de relógios, autoridades policiais de vários países, como a Suíça, a Bélgica, e a França, seguradoras, participantes do mercado de segunda mão, e clientes.

Imagem: Richemont

Fontes: JCK Online, Natural Diamond World, The Guardian e theartnewspaper.com

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