Imagem: goededoelen.be
Tem 137 moradores que vivem sem eletricidade e num ambiente que gostam de chamar de segurança no meio do nada. A maior cidade mais perto é Kananga e fica a seis horas de distância. A única maneira de lá chegar é de mota, uma vez que essa área não tem estradas pavimentadas.
Pieter Bombeke, um cortador veterano de terceira geração em Antuérpia, disse que “há apenas bosques e algumas cabanas nas proximidades”.
Os habitantes da vila fazem a sua própria agricultura, o que significa que são em grande parte autossustentáveis. Nessa zona existem diamantes e é nessas pedras preciosas que os moradores locais depositam as esperanças de progresso.
Emile Ekonda-Elasha, um nativo da RDC cujo irmão dirige a cooperativa de mineração nessa vila, acredita que a mina não vai ficar sem diamantes durante, pelo menos, os próximos cem anos. O maior problema que enfrentavam era obter o valor real das pedras que encontram.
Entrada no mundo real
Neste momento, graças ao OrigemA, um novo programa apoiado pelo Antwerp World Diamond Center (AWDC), a cooperativa tem acesso total ao mercado de Antuérpia. E já se começam a notar as diferenças.
“Esta é a primeira cooperativa congolesa que exporta”, disse Bombeke. “Todos os outros comerciantes recebem ninharias pelos brutos que encontram. Queríamos estar atualizados sobre os valores reais das nossas pedras e agora conseguimos”, acrescentou.
O gemologista holandês, Peter Groenenboom, parceiro deste projeto, disse que quando visitou a RDC encontrou uma grande diferença entre os preços internacionais e os que eram praticados naquele país.
“Num dos últimos dias em que estava de visita à RDC ofereceram-me um diamante de grande qualidade, com 1,6 quilates, por apenas 100 dólares americanos”, disse Peter. “Se eu o pudesse trazer para Antuérpia ele valeria perto dos 1600 euros”, acrescentou.
A Coomiap é o exemplo mais recente de um projeto de comércio justo que utiliza recursos extraídos artesanalmente para beneficiar a população local.
Em conjunto com a GemFair, é um dos primeiros projetos no setor de diamantes a chegar ao mercado, embora os diamantes de comércio justo sejam há muito tempo um objetivo do movimento de joalharia responsável.
É uma das seis cooperativas da RDC que a AWDC selecionou para o seu projeto piloto OrigemA. É considerado o mais avançado em termos de padrões, por isso foi incluído no lote inicial.
A prioridade número um é saber a origem
Toda a mineração cooperativa é feita de acordo com a Diamond Development Initiative/Maendeleo Diamond Standards da Resolve. Um representante local do ministério de minas garante que estas pedras são de origem fidedigna e já existe um plano para trabalharem com a Everledger para que os diamantes sejam rastreados por blockchain.
Karen Rentmeesters, gerente sénior da AWDC, disse que “as comunicações blockchain nesta vila podem ser um problema, uma vez que não existe eletricidade”. Para resolver este problema já foi iniciado um projeto para se instalar Wi-Fi movido a energia solar na vila.
“A ideia é criar algo que maximize o valor” e “a rastreabilidade faz parte da história. Precisamos do blockchain para testemunhá-la”, acrescentou.
Um dos maiores problemas foi conseguir uma licença de exportação adequada para a cooperativa, que na RDC custa 250,000 dólares. Essa é uma das razões pelas quais as compras lá têm sido limitadas a grupos pequenos e seletos.
O AWDC providenciou um meio para que os diamantes sejam vendidos através de uma empresa local licenciada, mas Rentmeesters espera que a RDC acabe por diminuir as taxas para que outras centenas de pequenas cooperativas possam ter também a oportunidade de crescer.
A instituição de Antuérpia também está a ajudar a vila a aprender a avaliar adequadamente os seus brutos e a maximizar o valor dos rejeitos da mina. “Desconheciam o valor dos diamantes mais pequenos”, elucidou Rentmeesters.
O novo projeto ainda não tem muito nome, marca ou presença de marketing, porque é muito pequeno. Atualmente a cooperativa produz apenas cerca de trinta a quarenta diamantes por ano.
Groenenboom disse que “o fornecimento de brutos é a parte difícil”. “Trabalhamos com uma cooperativa, precisamos de organização e a segurança de um fornecimento constante. Essa é uma das coisas que está em falta neste momento.”
Ekonda-Elasha espera usar qualquer lucro extra proveniente da venda de diamantes para construir uma pequena escola e hospital na cidade vizinha de Luyamba, que servirá a vila e as comunidades ao redor. Existem neste momento 1200 crianças em idade escolar na área, e a única escola local foi destruída durante um surto de violência em 2016.
Matthew Morrell, diretor administrativo da Direct Source Gems, uma empresa que trata da venda desses diamantes, disse que existe um grande interesse no mercado nas pedras provenientes da vila. “Acho que o seu desenvolvimento vai depender muito da rastreabilidade total dessas pedras”, acrescentou.
“Os pequenos e grandes vendedores têm bastante interesse. Dizem que, no mundo de hoje, se se puder dar todas as informações de proveniência dos diamantes, os intervenientes estão dispostos a comprar tudo”, afirmou Rentmeesters.
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