Cecil Rhodes: o fundador da De Beers

Cecil John Rhodes, o fundador da De Beers, nasceu no ano de 1853, em Bishop's Stortford, Hertfordshire, Inglaterra. Era o quinto filho do reverendo Francis William Rhodes, um clérigo da Igreja da Inglaterra e de Louisa Peacock.

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Rhodes frequentou a Bishop’s Stortford Grammar School desde os nove anos, mas sendo um adolescente doente e asmático, foi retirado da escola em 1869 e continuou os estudos sob a tutela do seu pai.

Aos sete anos foi registado nos censos de 1861 como sendo um hóspede da sua tia, Sophia Peacock, numa pensão em Jersey, onde o clima era entendido como uma cura para quem tinha doenças como a asma. A sua saúde era fraca e havia receio de que ele pudesse ter tuberculose, enfermidade da qual vários membros da sua família apresentavam sintomas. O seu pai decidiu mandá-lo para o exterior porque se acreditava, na altura, que uma viagem marítima e o melhor clima na África do Sul poderiam curar certas doenças.

A experiência africana

Quando chegou a África, Cecil vivia com dinheiro emprestado pela sua tia Sophia, mas após uma breve estada com o Dr. P.C. Sutherland, em Pietermaritzburg, Rhodes começou-se a interessar-se pela agricultura. Juntou-se ao seu irmão Herbert numa fazenda de algodão que este tinha no vale do Umkomazi (Inkomati), no Natal. A terra era imprópria para o algodão e o empreendimento fracassou.

Em Outubro de 1871, Rhodes, de 18 anos, e o seu irmão Herbert, de 26, deixaram a colónia e partiram para os campos de diamantes de Kimberley, na província do Cabo do Norte. Financiado pela NM Rothschild & Sons, começou a comprar sistematicamente minas de diamantes, conseguindo, nos dezassete anos seguintes, comprar todas as operações menores de mineração de diamantes na área de Kimberley.

O seu monopólio de fornecimento mundial de diamantes surgiu em 1890, quando se aliou estrategicamente com o Diamond Syndicate, com sede em Londres. Concordaram em controlar a oferta mundial para manter os preços altos e entre os seus associados, no início, estavam John X. Merriman e Charles Rudd, que mais tarde se tornou seu sócio na De Beers Mining Company e na Niger Oil Company.

A causa do império britânico

Em 1873, Rhodes deixa os seus campos aos cuidados do seu parceiro de negócios, Rudd, e parte para Inglaterra para estudar na universidade. Foi admitido no Oriel College, Oxford, mas por lá permanece por apenas um ano, em 1874. Retorna à África do Sul e não voltou para o seu segundo ano em Oxford, pelo que várias fontes alegam que foi muito influenciado pela palestra inaugural de John Ruskin em Oxford, que reforçou o apego à causa do imperialismo britânico.

Entre os seus associados em Oxford estavam James Rochfort Maguire, mais tarde membro do All Souls College e diretor da British South Africa Company, e Charles Metcalfe. Devido à sua breve carreira universitária, Rhodes admirava o “sistema” de Oxford.

Enquanto frequentava o Oriel College, Rhodes tornou-se maçom na Apollo University Lodge. Embora inicialmente não aprovasse a organização, continuou a ser um maçom sul-africano até à sua morte, em 1902. As deficiências que via nos maçons levaram a que mais tarde imaginasse a sua própria sociedade secreta, com o objetivo de colocar todo o mundo sob o domínio britânico.

Em 1880, Rhodes preparou-se para entrar na vida política no Cabo, com a incorporação anterior de Griqualand West na Colónia do Cabo, sob o Ministério Molteno em 1877. Este obteve seis assentos na Assembleia do Cabo, com Rhodes a optar pelo eleitorado rural na zona de Barkly West, controlada maioritariamente pela família Boers, que permaneceria leal a Rhodes até à sua morte.

Quando Rhodes se tornou membro do Parlamento do Cabo, o principal objetivo da Assembleia era ajudar a decidir o futuro de Basutoland, enquanto o ministério de Sir Gordon Sprigg tentava restaurar a ordem, após a rebelião de 1880, conhecida como Guerra dos Pistoleiros.

Fundação da De Beers

Durante os seus anos em Oxford, Rhodes continuou a prosperar em Kimberley. Antes da sua partida para Oxford, ele e Rudd tinham-se mudado da Kimberley Mine para investir nas reivindicações mais caras do que era conhecido como o velho De Beers (Vooruitzicht). Essa zona foi assim nomeada após Johannes Nicolaas De Beer e o seu irmão, Diederik Arnoldus, terem sido os anteriores ocupantes da quinta.

Em 1874 e 1875, os campos de diamantes estavam em plena depressão, mas Rhodes e Rudd ficaram, para consolidar os seus interesses. Acreditavam que os diamantes seriam numerosos no fundo azul duro que havia sido exposto, depois da camada mais suave e amarela perto da superfície ter sido trabalhada. Durante esse tempo, o problema técnico de limpar a água que inundava as minas tornou-se grave, mas Rhodes e Rudd obtiveram um contrato para bombear água das três minas principais.

Depois de Rhodes retornar do seu primeiro ano em Oxford, viveu com Robert Dundas Graham, que mais tarde se tornou um parceiro de mineração de Rudd e Rhodes.

Em 1880, Rhodes e Charles Rudd adquiriram várias reivindicações de prospeção de propriedade individual e fundaram a De Beers Mining Company.

A 13 de março de 1888, Rhodes e Rudd lançam a De Beers Consolidated Mines, após uma fusão de várias reivindicações individuais. Com 200 000 libras (200 000 em 1880 = £ 22,5 milhões em 2020) de capital, a empresa da qual Rhodes era secretário possuía a maior participação na mina. Rhodes foi nomeado presidente da De Beers na fundação da empresa em 1888, sendo que o início da sua fundação surge em 1887 com o apoio monetário da NM Rothschild & Sons.

Em 1889, a De Beers fez uma parceria com o Diamond Syndicate num acordo que efetivamente lhes deu o controlo exclusivo sobre o fornecimento mundial de diamantes brutos. Rhodes e os seus parceiros concordaram em controlar a oferta para manter os preços dos diamantes altos.

A política e o caminho-de-ferro

Em 1890, Rhodes tornou-se primeiro-ministro da Colónia do Cabo. Introduziu vários actos no Parlamento para expulsar os negros das suas terras e abrir caminho para o desenvolvimento industrial. A visão de Rhodes era que os negros precisavam de ser expulsos das suas terras para “os estimular a trabalhar” e mudar os seus hábitos.

Um fervoroso crente no imperialismo britânico, Rhodes e a sua British South Africa Company colonizaram o território sul-africano da Rodésia (agora Zimbabué e Zâmbia), que a empresa nomeou em sua homenagem em 1895. A Rhodes University da África do Sul também recebeu o seu nome e ele também dedicou muitos esforços para realizar a sua visão de uma ferrovia do Cabo ao Cairo através do território britânico.

As suas opiniões raciais são objeto de escrutínio e debate ainda nos dias de hoje, uma vez que acreditava firmemente que os nativos do Cabo eram bárbaros.

Morte e legado

Rhodes morreu de insuficiência cardíaca em 1902 e o seu comboio funerário parou em todas as estações entre o Cabo e a Rodésia. Ele foi enterrado em World’s View, uma colina a 35 quilómetros a Sul de Bulawayo. Tem um monumento em sua honra no Devil’s Peak, na Cidade do Cabo.

Cecil deixou como legado uma grande área de terrenos nas encostas da Table Mountain para a nação sul-africana. Parte desta propriedade tornou-se o campus superior da Universidade da Cidade do Cabo, outra parte tornou-se o Jardim Botânico Nacional Kirstenbosch, sendo que esses terrenos são agora uma importante área de conservação.

Também estabeleceu a Bolsa Rhodes, uma bolsa que originalmente permitia que estudantes do sexo masculino de territórios sob domínio britânico, ou anteriormente sob domínio britânico e da Alemanha, estudassem na alma mater de Rhodes, a Universidade de Oxford. Os objetivos de Rhodes eram promover uma liderança marcada pelo espírito público e bom caráter, e “tornar a guerra impossível” promovendo a amizade entre as grandes potências.


A Natural Diamond World de nenhum modo se identifica com os ideais aqui expostos e defendidos por Cecil John Rhodes, sendo uma revista progressista e defensora dos direitos e igualdade de todos os seres humanos.

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