Boicote a diamantes russos abre quota de mercado a pedras sintéticas

Uma das primeiras empresas a sentir os efeitos das sanções internacionais foi a Alrosa, gigante russa do setor diamantífero. E é o espaço deixado por esta que pode abrir caminho a uma substituição pouco natural.

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A Rússia é um dos maiores agentes do mundo no que toca a diamantes, e o boicote imposto ao país em fevereiro, aquando do início da guerra com a Ucrânia, continua a produzir efeitos no setor. Desta vez a escalada na procura de diamantes sintéticos.

Quem o diz é o próprio ministro dos Minerais e da Energia do Botswana, Lefoko Moagi, em conferência de imprensa, no início da semana. Moagi admite ainda que as sanções impostas à Alrosa, responsável pela produção de quase um terço dos diamantes em todo o mundo, em 2021, vai beneficiar os produtores rivais, e que esse espaço deixado em aberto vai ser ocupado por produtos sintéticos.

“Nós vemos que 30% da quota de mercado, deixados em aberto pelo boicote à Rússia, vão ser ocupados pelo que não é natural. E isto, para nós, é um desafio”, afirma Lefoko Moagi, relativamente ao posicionamento do seu país, responsável por exportações que ascenderam a cerca de 3.3 mil milhões de euros no último ano.

Também o responsável pelo Diamond Hub botswano, Jacob Thamage, admite que as limitações do mercado sem um interveniente como a Rússia pode causar problemas a todo o sector. “Nós também vemos que o aumento dos preços está a levar os consumidores a encontrar substitutos como os [diamantes] sintéticos e isso pode-nos causar problemas, se cedermos o mercado às pedras não naturais”, sublinha.

Thamage teme também que os consumidores comecem a olhar para os diamantes como um símbolo de conflito, e se afastem dos produtos naturais todos, sem distinção.

Do lado russo, resta a Alrosa, empresa controlada maioritariamente pelo estado do país, cujo CEO é filho de um dos braços-direitos de Putin, com quem inúmeras companhias do setor diamantífero têm cortado relações, e que se prepara para perder a competição que tinha com a anglo-americana De Beers pelo pódio da mineração e comércio de diamantes.

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