Segundo documentos vistos pela revista JCK, a Bielorrússia candidatou-se a vice-presidente do Processo Kimberley (KP) para o ano de 2023. O país faz parte do KP desde 2003.
Como ser vice-presidente é quase um “passe direto” para se tornar o presidente do Processo de certificação, a Bielorrússia seria o primeiro na fila para se tornar o presidente do KP, em 2024. Neste momento, o presidente é o Bostwana e o vice-presidente é o Zimbabué.
O Processo Kimberley é um processo de certificação que garante a comercialização de diamantes brutos cuja proveniência é de países que financiem conflitos armados e guerras (onde se verificam inúmeras violações dos direitos humanos) e prejudiquem, assim, o mercado e o comércio diamantífero.
O governo da Bielorrússia é conhecido por perpetuar a violação de direitos humanos no país, isto é, o oposto daquilo que foi a base da criação do Processo Kimberley.
A revista JCK prevê que a candidatura da Bielorrússia será contestada pelos Estados Unidos, que implementaram sanções contra o país e o seu governante. Como os Estados Unidos são um dos membros do KP, que exige consenso absoluto entre os seus 56 participantes (que representam 82 países), e a questão de a Rússia permanecer na Ucrânia, tornam a aprovação da Bielorrússia para este cargo bastante difícil.
O outro candidato a vice-presidente em 2023 são os Emirados Árabes Unidos (EAU), também ele envolvido em polémicas.
No entanto o presidente executivo e CEO do Dubai Multi Commodities Centre, Ahmed Bin Sulayem, salienta, numa carta, que “o papel do presidente requer profundo conhecimento e experiência. Tendo presidido o KP anteriormente e como principal centro global de diamantes em bruto, os Emirados Árabes Unidos estão prontos para assumir essa responsabilidade imediatamente”.
Os Emirados Árabes Unidos presidiram o Processo Kimberley durante um ano, em 2016, o que levou a KP Civil Society Coalition (KPCSC) a boicotar as reuniões daquele ano.
Chegou-se a um impasse, visto que os representantes dos Estados Unidos e da União Europeia boicotaram as reuniões do KP presididas pela Rússia desde a sua invasão à Ucrânia e provavelmente qualquer candidatura desse bloco também receba veto. No entanto, os representantes ocidentais podem não querer liderar o Processo Kimberley neste momento dado que discordam das decisões tomadas em relação à Rússia.