Imagem: gbreports.com
A Natural Diamond World já tinha conversado anteriormente com Benedito Manuel em relação aos temas da sustentabilidade. Desta vez, numa entrevista concedida ao ‘The Energy Year’, explica as ações que estão a ser tomadas para o futuro sustentável da empresa angolana.
Relevância mundial e primeiros passos
O Diretor Geral da Catoca começou por observar que “a Catoca Mining Society é a maior de todas as empresas diamantíferas em Angola. Representa 80% da produção diamantífera do país e 75% de todo o volume de negócios do setor diamantífero”. E ainda que “o kimberlito que exploramos é a quarta maior reserva de diamantes de mineração a céu aberto do mundo”.
A empresa foi criada em 1993 e a produção começou em 1997. Foram o primeiro centro de tratamento de diamantes de Angola e depois passaram para um segundo módulo de produção em 2005. Nessa altura começaram a surgir alguns problemas relacionados com a falta de energia.
No início a mina funcionava com energia gerada na central hidroelétrica de Chicapa, cujo abastecimento era compartilhado entre a Catoca e a comunidade de Saurimo. O problema era que a Chicapa foi desenhada para ter uma capacidade máxima de 16 MW e, em 2005, a empresa angolana já precisava de cerca de 27 MW para as suas operações. Quando desenvolveram o segundo módulo de produção, a companhia começou a ter problemas com o fornecimento de energia. Nessa altura decidiram que tinham de melhorar a sua matriz energética e, atualmente, recebem 9 MW de Chicapa e o resto é gerado pela própria empresa.
Neste momento o esquema interno de geração de energia térmica da empresa possui 24 geradores, cada um com capacidade de 1,46 MW. Fornecem uma oferta total de cerca de 19 MW. Em 2021, o consumo total de energia foi de 131 GWh, sendo que 41,5 GWh foram provenientes da central termoelétrica da Catoca e 89,8 GWh de Chicapa.
Os geradores não são todos usados ao mesmo tempo. Por dia, utilizam em média 12. Trabalham alternadamente durante esses períodos de 24 horas. Esses geradores são sujeitos a manutenção elétrica e mecânica mensalmente.
Sustentabilidade, o caminho a seguir
Benedito Manuel revelou ao ‘The Energy Year’ que o grande objetivo da Catoca é “sermos um grande consumidor de energia limpa e investir em sistemas de energia verde”. Para isso não querem produzir eles mesmos essa energia, mas sim participar em projetos de investimento. “Através de um concurso público adjudicamos uma empresa com um projeto de implantação de uma central fotovoltaica que irá alimentar as minas de Catoca e Luaxe”, exemplificou. Disse também que “esses tipos de projetos podem ser desenvolvidos dentro e perto das minas, com o objetivo de oferecer também energia às comunidades ao redor”.
Atualmente a Catoca emprega 2500 pessoas, das quais apenas 158 são de diferentes nacionalidades e os restantes angolanos. “Sempre considerámos o impacte da atividade de mineração e somos muito rigorosos nas nossas operações quanto à responsabilidade social da empresa, e partilhamos os nossos ganhos com as pessoas que vivem ao nosso redor”, afirmou Benedito Manuel.
Frisou também: “À medida que a empresa cresce, ocorrem mudanças radicais nas condições de vida da comunidade devido às nossas medidas de desenvolvimento. Acima de tudo, queremos melhorar o desenvolvimento intelectual dos jovens para que possam transformar o lugar onde vivem.” Afirmou ainda que a Catoca é uma empresa preocupada com o meio ambiente e com os efeitos que podem ter com a sua mineração.
Questionado sobre quais os planos da empresa quando as reservas minerais se esgotaram, Benedito revelou que a empresa já pensou no futuro pós-mineração e que a ideia é transformar a Catoca num grande polo turístico, movido unicamente a energia verde.
A hora de Angola
“A legislação de investimento foi melhorada e é agora favorável aos investidores e também melhoramos muito a quantidade e a qualidade das informações fornecidas”, respondeu o presidente da Catoca quando questionado sobre o que tinha mudado no ambiente de investimento em Angola.
Foi criado o Plano Nacional de Geologia, que engloba todas as informações essenciais sobre reservas, procedimentos e muito mais. É uma plataforma disponível para todos e que se encontra na página do Instituto Geológico de Angola. É uma ferramenta útil para investidores e empresas que pretendam tomar decisões de negócio informadas e procurar novas oportunidades.
Benedito considerou que “a reestruturação levada a cabo nos sectores geológico e mineiro permitiu a Angola atrair um maior número de empresas juniores, com potencial tecnológico e à procura de parceiros financeiros”. Segundo diz, melhoraram também o número de empresas de prospeção júnior existentes, cuja presença é essencial para atrair grandes empresas mineiras para Angola.
Com a interrupção da produção na mina Argyle, na Austrália Ocidental, a oferta mundial de diamantes não está a corresponder à procura. Surgiu um vazio que precisava ser preenchido por diferentes fornecedores e a maioria dos diamantes que o podem preencher estão no solo de Angola, considerou.
Angola está alegadamente tão atraente para investimentos que Benedito Manuel afirmou que “é seguro dizer que os investimentos no sector mineiro angolano hoje não vão trazer perdas aos investidores”.
Altura de reerguer
O ano de 2021 trouxe sinais positivos de recuperação em relação aos anos anteriores, em todo o setor diamantífero. Existiu um aumento no valor de mercado que se deveu a uma elevada procura por diamantes brutos para atividades de corte e polimento.
Durante esse ano, o setor global teve um bom desempenho em termos de receita e produção.
O setor local foi positivamente afectado pelo retorno operacional das mineradoras, após o levantamento das restrições da pandemia. Outro grande feito foi a inauguração do polo de desenvolvimento diamantífero de Saurimo, na Lunda Sul, acrescentou Benedito.
“O objetivo era não paralisar as operações e atingir a nossa meta de produção. Foi um grande desafio e apesar disso, obtivemos um lucro líquido de 271 milhões de dólares americanos e uma margem líquida de 36% em 2021, um aumento de 66% e 9%, respetivamente, em relação ao ano anterior. Estes são os maiores resultados da história da empresa”, concluiu o Presidente do Conselho Geral.
O futuro começa agora
Benedito considerou que 2022 tem sido um ano de muitos desafios. Afirmou que o primeiro objetivo foi acelerar os investimentos que estavam atrasados devido a constrangimentos gerados pela pandemia. A incerteza nos mercados impediu a empresa de fazer investimentos importantes nos processos de produção porque tinham de gerir contingências. Atualmente a Catoca enfrenta os resultados da redução de volumes nos anos anteriores, mas colhe também os frutos da qualidade dos investimentos realizados nesse mesmo período.
Em 2013 descobriram o kimberlito Luaxe devido a ações contínuas de prospeção nessa área. Embora ainda não esteja em pleno funcionamento, será, de acordo com o entrevistado, a maior mina de diamantes do mundo. A mina do Luaxe fica a 25 quilómetros da mina de Catoca, na província da Lunda Sul. Abrange um quilómetro quadrado e atingirá profundidades de 400 metros. O ativo tem potencial para produzir 350 milhões de quilates por ano e a empresa acredita que representa uma esperança de futuro bem risonho.
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