A aposta na combinação da arte, da tecnologia, e da joalharia tem sido uma crescente preocupação de algumas das marcas mais conhecidas da indústria, numa sociedade marcada pela cultura digital, de interação e experimental.
Os consumidores mais jovens, da chamada Geração Z, mas também de gerações anteriores, procuram produtos que se insiram no seu estilo de vida, mas que sejam apresentados com um toque de inovação e que apelem à questão de ser totalmente diferente.
Essa escolha foi facilitada pela pandemia e consequentes confinamentos, que “provocaram um aumento da procura por experiências emocionais e exclusivas”, afirmou o Rapaport.
“Hoje, é apenas através da arte e da emoção que podemos comunicar visões associadas [a] um produto, uma empresa ou um lugar”, declarou a analista de luxo Paola De Luca, fundadora da empresa de previsão de tendências The Futurist.
A Van Cleef & Arpels, a Louis Vuitton, e a Tiffany & Co. são algumas das marcas que têm exposições multissensoriais e que envolvem tecnologia.
A primeira Maison apresentou a exposição ‘Florae’, em 2021, em colaboração com o fotógrafo Mika Ninagawa e o arquiteto Tsuyoshi Tane para mostrar as suas criações inspiradas em flores.

Imagem: Tatler Asia
A Louis Vuitton realizou o ano passado a exposição “200 Trunks, 200 Visionaries”, para apresentar as suas criações únicas, através da arte e da cultura dos videojogos, usando efeitos de animação e audiovisuais digitais.

Imagem: LVMH
Na exposição “Vision & Virtuosity”, da Tiffany & Co., realizada no Verão passado em Londres, foi usada a tecnologia de realidade aumentada (AR) para permitir que os visitantes experimentassem digitalmente o famoso colar de diamantes Tiffany, e incluiu ainda telas interativas nas paredes da galeria Saatchi, em que os visitantes tiveram a oportunidade de escrever mensagens.

Imagem: Tiffany & Co.
“Essas exposições imersivas convidam os visitantes a ir além da observação passiva, tornando-os protagonistas ativos na narrativa da joalharia”, observou o Rapaport.
Houve também um aumento nas exibições de jóias virtuais. O Gucci Vault é um desses exemplos. É um espaço digital experimental em que os utilizadores percorrem uma jornada para descobrir a história da marca através de narrativas imersivas, jogos e tokens não fungíveis (NFTs).
O metaverso estará em evidência no Shenzhen Jewelry Museum, na China, que está a colaborar com o The Futurist para lançar uma exposição de estreia ainda este mês, a ‘Joy of Color’.
A exposição irá apresentar vinte designers de jóias internacionais e, de acordo com Paola De Luca, “expressará a incrível onda de cores que começou durante a pandemia como uma reação ao isolamento”.
De Luca acrescentou que o meta-espaço está a transformar a dinâmica entre a criatividade e os produtos: “O aparecimento da Web 3.0 desencadeou a atração pelas plataformas digitais, e o mundo paralelo dos jogos realmente se intensificou, o que inspirou consciente e inconscientemente um novo [meio] de expressão.”
No entanto, nem todas as marcas e especialistas de jóias escolhem a tecnologia para que os seus clientes tenham uma experiência de arte imersiva.
Valery Demure apresentou um “conceito para alimentar diálogos entre os amantes de jóias”, o “Objet d’Emotion”, em 2021, em Londres.
“É um lugar para descobrir peças criativas e únicas”, segundo a especialista em jóias, que convida os clientes a ter uma grande proximidade com as jóias.

Imagem: Objet d’Emotion
A diretora do projeto considerou vários elementos, desde o arranjo físico até à experiência do espectador.
No Objet d’Emotion, os armários em exposição contêm uma mistura de designers e estilos para mostrar aos clientes como podem combinar as suas jóias.
“As caixas [nas quais as jóias estão expostas] complementam as nossas curadorias em constante mudança, e o conceito de misturar jóias e designers é definitivamente novo e inovador”, explicou Demure.
Fontes: Rapaport, Galeria Saatchi, Objet d’Emotion