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Argyle: a mina dos diamantes coloridos

No Nordeste australiano, mais especificamente numa região remota e árida que pode atingir uma temperatura de mais de 40ºC, dentro do Estado da Austrália Ocidental onde fica a região de Kimberley, está localizada uma mina com paisagens envolventes quase pitorescas, onde outrora existia a maior produção de diamantes do mundo por volume que chegou a fornecer anualmente um terço dos diamantes de todo o mundo, segundo referido pelo Governo australiano.

A Rio Tinto, proprietária da mina Argyle, que se extende por cerca de 50 hectares, cessou as atividades na região em Novembro de 2020, após produzir mais de 865 milhões de quilates de diamantes brutos ao longo de 37 anos de atividade.

História da mina

A Argyle foi descoberta por um grupo de geólogos que exploravam o território da Austrália Ocidental, em 1979, o que levou ao início da extracção de diamantes na mina em 1983.

Sendo a região árida e isolada, a administração da mina optou por trazer a maioria dos seus trabalhadores da região de Perth (a cerca de 2000 km de distância) que trabalhavam em turnos alternados de duas semanas. Porém, com o tempo, foram contratados cada vez mais habitantes locais para trabalhar na operação.

Até 2000 a mina era explorada por uma joint-venture entre a Rio Tinto (com 56,8%), a Ashton Mining Ltd. (com 38,2%) e a Western Australian Diamond Trust (com 5%). Portanto, desde o fim da parceria até ao seu encerramento o único proprietário da mina era o grupo Rio Tinto, que afirma no seu website que ainda estão no processo de desativação e reabilitação para posteriormente entregar a terra aos seus guardiões legítimos (expressão usada pela empresa para caracterizar os povos aborígenes da região).

Acordo com as comunidades Aborígenes da região

No intervalo de tempo em que a mina Argyle ainda está neste processo de mudanças (segundo a Rio Tinto a reabilitação levará entre três a cinco anos) a empresa aposta na participação e inclusão dos seus donos originais.

A Rio Tinto garante trabalhar em conjunto com os povos Aborígenes, respeitando a sua herança cultural, ao realizar todos os anos uma espécie de visita guiada a fim de os guardiões legítimos terem a oportunidade de “discutir sobre qualquer parte da mina onde possa haver problemas ao representar a herança cultural, incluindo nas caves, no subsolo, lugares que estão a ser reabilitados ou fontes de água”.

Os guardiões legítimos recebem, por sua vez, os trabalhadores da mina e visitantes realizando a ceremónia Manthe, para que tenham uma passagem segura na mina (“uma componente formal da admissão de medidas de saúde e segurança na Argyle”).

Diamantes coloridos e únicos

Durante a época áurea de funcionamento eram passíveis de serem encontrados diamantes de todos os tipos, tamanhos e cores na mina Argyle. Os diamantes de cores naturais (branco, azul, violeta, castanho/cognac, champagne) e, claro, os tão famosos e cobiçados diamantes cor-de-rosa e vermelhos.

O governo australiano estima que mais de 90% dos diamantes rosa do mundo foram extraídos em Argyle. Por serem tão exclusivos, os diamantes rosa eram uma parte essencial da mina Argyle, tanto que todos os anos eram vendidos individualmente em leilões especiais, os chamados tenders, só a clientes que recebessem um convite formal.

Imagem: Rio Tinto
Imagem: Rio Tinto

Outra curiosidade é que os diamantes cognac e champagne eram originalmente conhecidos simplesmente por serem “diamantes castanhos” e não eram tão valorizados, até que através de uma campanha de marketing, com bastante sucesso, na última metade dos anos 80, foram reintroduzidos com os novos nomes, o que gerou um maior interesse e uma elevada procura.

As pedras preciosas na mina foram formadas há vários milhares de milhões de anos atrás, sob o manto da Terra, devido às elevadas pressões e temperaturas que levavam os átomos de carbono a se cristalizarem e multiplicarem entre as rochas. Mais tarde, através do magma os diamantes vinham para a superfície.

Mas a que se devem as vívidas cores dos diamantes da mina Argyle? A coloração peculiar e chamativa dos diamantes foram causadas por um processo (ainda quando estavam a ser formadas no interior da Terra) em que pequenas impurezas ficaram alojadas na estrutura do cristal dentro do próprio diamante.

Redação

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