Andrew Vietti sobre o desabamento em Jagersfontein

O diretor da estação de tratamento de água sul-africana Vietti Slurrytec, Andrew Vietti, deu a sua opinião em relação ao desabamento na mina de Jagersfontein, começando por afirmar que o comportamento dos rejeitos pode ser modificado para que as argilas se instalem e o espessante funcione corretamente.

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Vietti acredita que o desabamento foi “uma combinação de fatores que se acumularam até ao fracasso”, uma vez que “as argilas da mina de Jagersfontein são coloides estáveis, o que significa que não se assentam naturalmente num espessante. Esta propriedade significa que qualquer espessante é incapaz de espessar os rejeitos, pelo que os muito aquosos foram bombeados para a instalação de rejeitos”, segundo o Rough & Polished.

Reforçou que “foi uma situação lamentável, uma vez que o espessante na fábrica de processamento de Jagersfontein foi concebido para a desidratação dos rejeitos e o comportamento destes pode ser modificado para que as argilas se fixem e para que o espessante possa funcionar corretamente”. Não compreende como é possível que “o pessoal da mina desconhecesse que a modificação da química da água do processo teria resolvido esse problema”.

Considera que “os gestores/operadores de Jagersfontein, podem ser desculpados por não compreenderem as propriedades coloidais dos seus rejeitos. No entanto, devem ser responsabilizados por permitirem a continuação da operação, quando era óbvio que a barragem estava demasiado cheia de água”.

Vietti crê que o problema tenha sido o país permitir o enchimento da mina de diamantes Jagersfontein com resíduos de um segundo compartimento de rejeitos, e afirmou que “já se tem um exemplo funcional de onde os rejeitos de kimberlitos finos foram reenchidos num poço de minas aberto. Em Kimberley, a chamada fossa De Beers, foi preenchida em 2004 com resíduos finos que tinham sido gerados por uma nova mineração das antigas lixeiras (o mesmo que estava a acontecer em Jagersfontein)”.

“No caso dessa mina, as argilas estavam naturalmente a assentar e foram engrossadas com uma pasta de alta densidade, antes de serem bombeadas para o poço, isso foi feito para estabilizar e evitar que a linha ferroviária nacional caísse na fossa”, completou Vietti.

De modo a evitar futuros acidentes mineiros desta natureza, Andrew considera que “as autoridades precisam de ser atualizadas com as melhorias na tecnologia de desaguamento de rejeitos. Essas tecnologias devem ser encorajadas em todos os novos projetos, e devem interromper imediatamente as operações quando são informados, por um consultor externo, que não são seguras”.

Andrew Vietti disse que “não acredita que exista uma forma ideal de construir uma barragem de rejeitos”, porque “mesmo que os rejeitos contenham muita água, sejam armazenados corretamente e possam parecer perfeitamente seguros, é evidente que a grande maioria dos rejeitos precisa de ser tão desidratada quanto possível, antes de serem armazenados”.

Na sua opinião, “a forma ideal de construir uma instalação moderna de rejeitos é, em primeiro lugar, compreender os tipos e propriedades das argilas dentro dos rejeitos. Em seguida, assegurar de que assentam e formam um leito de lama quando engrossadas. Depois disso, selecionar o espessante, para dar o melhor desaguamento possível para fornecer aos engenheiros geotécnicos o produto de rejeitos mais denso, de modo que um represamento adequado possa ser concebido e gerido”.

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