Do futebol para os diamantes

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Calvin Jong-a-Pin (CJ) esteve sempre associado ao futebol nos Países Baixos, país que o viu nascer e o ajudou a tornar-se jogador profissional. Decidiu, recentemente, mudar de carreira e focar-se nos diamantes e jóias de luxo.

Em 2011 viajou rumo ao Japão, que marcou o início da sua carreira internacional e o seu fim enquanto futebolista profissional, após uma lesão.

Depois de cerca de onze anos no país asiático, Jong-a-Pin voltou às origens para começar uma nova, mas não completamente desconhecida, carreira na histórica empresa Gassan Diamonds.

Gerida pela família Gassan desde a sua criação, em 1945, é uma das mais conhecidas em Amesterdão e dedica-se à alta joalharia e relojoaria.

A Gassan possui na capital holandesa uma fábrica de lapidação de diamantes, que todos os anos atrai mais de 350 000 visitantes, de acordo com o website da empresa.

Calvin Jong-a-Pin faz parte da Gassan enquanto especialista em vendas e marketing desde Março de 2022.

Foi um dos responsáveis, juntamente com o artista holandês Pablo Lücker, pelo lançamento de uma coleção de treze diamantes como forma de arte, conhecidos como as telas mais pequenas do mundo.

NDW: Como a He(art) Collection teve bastante sucesso, tem planos de colaborar com o Pablo Lücker no futuro e usar diamantes similares?

CJ: Começámos este projeto como algo para ser feito somente uma vez. Tinha de ser limitado a treze diamantes como arte, porque não queríamos destruir a raridade e o aspeto de artigo colecionável das peças de arte.

Agora que tivemos tanto sucesso, estamos a pensar no futuro. Tenho algumas ideias de como fazer arte em diamantes, mas não quero fazer a mesma coisa. Não seria justo para os primeiros donos, que acreditaram no projeto, encher o mercado com cem destes diamantes em forma de arte.

Calvin Jong-a-Pin com Pablo Lücker
Imagem: Milan Gino/Calvin Jong-a-Pin

NDW: O que se pode esperar da próxima coleção?

CJ: Ainda não está confirmada uma próxima coleção, mas eu realmente tenho o sonho de vender pedras maiores e numa plataforma internacional. É aí que eu vejo o projeto.

Há muito trabalho a ser feito. E por agora esse sonho pode não ser alcançado. Vou trabalhar para concretizar esse sonho e continuar a crescer.

“A arte do Pablo estava estampada nas paredes [da sua boutique]. Pensei que poderia ter ainda uma melhor tela. Um diamante.”

NDW: Como começou a trabalhar na Gassan Diamonds?

CJ: Eu era um cliente da Gassan. Comprei relógios e joalharia durante mais de dez anos. Quando terminei a minha carreira [enquanto jogador de futebol], ofereceram-me um trabalho como embaixador.

Na Gassan temos vários clientes do mundo do futebol. Todos os melhores jogadores do mundo compram os seus relógios aqui.

Tornei-me ambicioso e deixei o meu cargo de embaixador para entrar no departamento de vendas. Foi aí que comecei a gerir tudo o que está relacionado com o marketing e as redes sociais.

Comecei a projetar correntes para os jogadores de futebol e para artistas. Por fim, tive essa ideia quando visitei a boutique do Pablo. Tudo aconteceu em dez meses.

Calvin com o rapper holandês Ronnie Flex (à esquerda) a usar o colar que criou
Imagem: Jill Wolf/Calvin Jong-a-Pin

NDW: Como surgiu a ideia de fazer arte nos diamantes e o interesse nessas pedras preciosas?

CJ: A ideia de arte nos diamantes apareceu-me na cabeça quando visitei o Pablo na sua boutique. A arte dele estava estampada nas paredes. Pensei que poderia ter ainda uma melhor tela. Um diamante. Foi assim que começou. Levámos seis meses para desenvolver tudo e outros dois para finalizar o projeto e lançá-lo.

Sempre fui criativo. Gosto de moda de luxo, comida, vinhos, relógios, etc. Sempre prestei muita atenção aos detalhes. Faço muitas perguntas. Não compro simplesmente um relógio. Preciso de saber de onde vêm todos os seus componentes, quem o montou, por que foi montado daquela forma.

Acho que levei um pouco dessa questão para o projeto. O meu interesse nos diamantes veio depois da minha formação. Queria tirar mais de um diamante. Não sabia como o iria fazê-lo até ver o Pablo e o seu trabalho.

Jong-a-Pin no processo de criação da He(art) Collection
Imagem: Milan Gino/Calvin Jong-a-Pin

NDW: Quais são as principais diferenças que notou entre os japoneses e os holandeses relativamente aos diamantes?

CJ: Os japoneses amam qualidade. Preferem comprar os diamantes que possuam a maior das qualidades, mesmo que isso se traduza numa pedra mais pequena.

No mundo Ocidental, queremos mostrar mais que temos algo caro. Em geral, as pessoas compram diamantes com cores e qualidades medianas desde que sejam maiores.

Em onze anos, a população japonesa mudou um pouco. Começou a ostentar um pouco mais do que antes. Começou a usar relógios de ouro e consigo ver as influências que a cultura do hip-hop tem na juventude.

Estão a começar a usar correntes também, mas ainda não num nível semelhante ao dos Estados Unidos. Os Países Baixos ficam entre os dois.

NDW: Como é trabalhar para uma das mais importantes e conhecidas empresas de diamantes em Amesterdão?

CJ: A Gassan é uma família de diamantários. Uma das maiores na Europa. Eu já fazia parte da família quando comecei a trabalhar nela, porque os conhecia todos há mais de dez anos. Sinto-me bastante orgulhoso por em apenas oito meses fazer algo importante para a empresa.

Não me tinha apercebido de que tínhamos tido um impacte tão grande até ao momento em que conseguimos estar nas manchetes internacionais.

Chegámos aos Estados Unidos e até ao Vietname. Estou muito expectante em relação ao futuro! Tenho imensas ideias.

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