País de mineração
A mineração organizada começou na década de 1920 com a descoberta de bauxita. Esse mineral foi encontrado nesse ano nos arredores da cidade rural de Falaba.
Os primeiros diamantes foram encontrados no início da década de 1930. De 1934 a 1956, o Sierra Leone Selection Trust (SLST) deteve o monopólio da mineração, prospecção e comercialização destas pedras em toda a Serra Leoa.
A Consolidated African Selection Trust Ltd (CAST), que tinha operações de mineração na África Ocidental, forneceu o capital inicial para o SLST.
Em 1955 o SLST abriu mão dos direitos de depósitos aluviais fora da sua área de arrendamento e isso deu espaço para o desenvolvimento da mineração artesanal e em pequena escala.
No ano de 1965 houve um grande movimento do trabalho agrícola para o trabalho nesses depósitos aluviais que tinham pedras preciosas. Em 1970 surge uma organização conjunta do SLST e do governo da Serra Leoa, que denominaram de National Diamond Mining Corporation (NDMC).
Estima-se que antes do início da Guerra Civil em 1991, 250,000 pessoas ganhavam a vida no setor de mineração e pedreiras, com empregos diretos e indiretos e a representarem 14% da força de trabalho total do país. A riqueza mineral da Serra Leoa, especialmente em diamantes, tornou-se um fator chave na sua instabilidade e na eclosão da Guerra Civil.

Guerra Civil
Desde a independência do país, em 1961, que o cenário político da Serra Leoa foi sempre marcado por alegações de corrupção, má administração governamental e violência nos processos eleitorais. Isso acabava por enfraquecer a sociedade civil, com o colapso de várias instituições, como o sistema educacional e de saúde, que gerou no começo dos anos noventa uma juventude analfabeta que encontrava escapatória em grupos extremistas como a Frente Revolucionária Unida (Revolutionary United Front ou RUF).
A RUF foi fundada por Foday Sankoh, um ex-militar serra-leonês, que prometia, acima de tudo, igualdade na distribuição dos lucros provenientes da venda de diamantes. Essas pedras preciosas da Serra Leoa eram consideradas das melhores do mundo e o país extraía centenas por dia. Contudo, os grandes lucros raramente se refletiam na vida da população, que sofria com a pobreza. As promessas de Sankoh de redistribuir os lucros pelo povo rapidamente desapareceram, quando ele passou a usar esse dinheiro para financiar a sua milícia.
Durante os primeiros anos da guerra civil, a RUF assumiu o controlo do interior do país, especialmente das zonas rurais nas partes leste e sul da nação, que tinham zonas fluviais ricas em diamantes. O governo nada conseguiu fazer para travar estas investidas.
A mílicia de Sankoh foi acusada de vários crimes de guerra, tais como brutalizar a população nos territórios que ocupavam, uso indiscriminado de crianças soldado, escravização de trabalhadores nas minas de diamantes, violações e roubos.
Em Janeiro de 1999, alguns líderes mundiais tentaram estabelecer a paz no país através de conversações entre a RUF e o governo. O resultado foi o chamado Acordo de Paz de Lomé, assinado em 27 de março desse ano. O acordou deu ao líder rebelde e chefe da RUF, Foday Sankoh, a vice-presidência de Serra Leoa e também lhe garantiram o controlo legal das jazidas de diamantes do país. De qualquer modo, a RUF recusou-se a entregar as armas e prosseguiu com uma campanha de violência e brutalização das populações civis nas zonas diamantíferas.
No ano de 2000, em Maio, os rebeldes avançaram sobre Freetown novamente. Nessa altura o Reino Unido, liderado pelo primeiro-ministro Tony Blair, decidiu intervir na guerra civil desse país e enviou uma força de combate para restabelecer a ordem. Com o exército britânico na vanguarda, o governo central serra-leonês derrotou a RUF, destruiu a infraestrutura do grupo e capturou os seus líderes. A 22 de Janeiro de 2002, o presidente Kabbah declarou oficialmente o fim da guerra civil. Estima-se que entre 50 e 300 mil pessoas foram mortas durante o conflito.

Má gestão de recursos
Apesar de estar entre os dez maiores produtores de diamantes, o setor de mineração enfrenta muitos desafios. Leis fracas e questões de contrabando são dos maiores problemas do país. A Serra Leoa tem vindo a perder grandes receitas que podiam ter sido obtidas através de impostos e acordos de licenças. Essas receitas podiam ajudar o desenvolvimento do país noutros setores.
Vários estudos sugerem que 50% dos diamantes da Serra Leoa são contrabandeados anualmente. Os resultados deste setor são extremamente baixos, tendo em conta a riqueza mineral que existe, segundo especialistas.
Cultura diamantífera
Existem, supostamente, diamantes num quarto da Serra Leoa. Principalmente no sudeste e leste do país, com os campos de diamantes a cobrirem 7700 milhas quadradas. As principais áreas de produção estão concentradas nos distritos de Kono, Kenema e Bo. Nesses distritos existem atualmente 1700 licenças de mineração artesanal em operação.
Em 2009, o governo registou exportações de 400,480 quilates de diamantes, incluindo 143,620 quilates de industriais e 256,860 de gemas. Este foi um aumento de 7,86 por cento em relação ao ano anterior, resultado de alterações legislativas, na forma de uma nova lei de mineração, para permitir uma cobrança mais eficaz de taxas e royalties e um aumento na quantidade de mineração de diamantes. As exportações atingiram os 78 373,900 dólares americanos nesse ano, representando 59% das exportações do país. A queda do valor dos diamantes no mercado mundial fez com que o valor das exportações diminuísse 20,68 por cento em 2009 em relação a 2008.
O maior diamante encontrado na Serra Leoa e o terceiro maior diamante do mundo na altura, foi um diamante bruto de 969,8 quilates. Foi encontrado em 1972 e nomeado An-al da Serra Leoa.
A Serra Leoa podia ser um dos países mais ricos do mundo, tendo em conta a abundância de recursos que existem, como ouro e diamantes. No entanto, continua a ser um dos países mais pobres, classificado como 203 de 206 países pelo World Development Report. A Serra Leoa ainda está a recuperar das cicatrizes da recente e brutal Guerra Civil que foi alimentada pelo comércio ilícito das pedras. A receita da mineração na Serra Leoa nunca foi distribuída para beneficiar a população. A indústria de mineração contribuiu com 4,5% para o seu produto interno bruto (PIB) em 2007. O desenvolvimento económico é baixo, devido à má gestão dos recursos e receitas potenciais não realizadas.
Os serra-leonenses aguardam até hoje que as riquezas com que a sua terra foi abençoada venham a refletir-se nas suas condições de vida.
