Cuango: “Dezoito anos com o mesmo brilho”

A Sociedade Mineira do Cuango celebrou recentemente o seu décimo oitavo aniversário. É mais um exemplo de uma mina que contribui para a fama que Angola já tem no setor diamantífero.

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A mina aluvionar do Cuango, situada no município de Xá-Muteba, província da Lunda Norte, em Angola, ocupa uma área de 3000 km de extensão na zona do rio Cuango.

O projeto começou em Dezembro de 2004, iniciando a sua produção efetiva em Maio de 2005. A mina é operada e explorada pela Sociedade Mineira do Cuango (SMC). A SMC conta com três parceiros: a ENDIAMA (com 41%), a ITM Mining (com 38%) e a Lumanhe (com 21%).

A primeira grande sócia, a ENDIAMA (Empresa Nacional de Diamantes de Angola), é uma empresa de capitais públicos criada em 1981. A empresa surgiu devido a um decreto de uma Comissão do Conselho de Defesa e Segurança, com um fundo de constituição de 667 897 000 milhões de Kwanzas, para funcionar como concessionária nacional dos direitos mineiros no domínio dos diamantes. A ENDIAMA tem como objetivo a prospecção, pesquisa, reconhecimento, exploração, transformação e comercialização de diamantes.

A segunda sócia, a ITM Mining, foi fundada em Abril de 1993. É uma empresa que se distingue pela gestão de projetos mineiros bem como pela extração e processamento de minérios, desenvolvimento de prospecção e de geologia de produção e todas as atividades complementares da exploração mineira. A ITM tem contribuído bastante para a produção diamantífera aluvionar oficial de Angola.

A terceira e última sócia, a Lumanhe (Extracção Mineira, Importação e Exportação, Limitada) tem atividades em outras áreas de produção diamantífera e é também especialista em questões de segurança. Foi constituída em 1995.

O atual Presidente do Conselho de Gerência da Sociedade Mineira do Cuango é Victor Nunes que, a propósito do décimo oitavo aniversário da SMC, referiu que “têm consciência do caminho que têm de percorrer nos próximos anos, enfrentando os desafios da continuidade, em busca da satisfação pelos resultados que, como desde sempre, dependem e dependerão da entrega de cada um, numa fase em que a participação de todos é vital”.

Apesar de ter a operação na província da Lunda Norte, a Sociedade Mineira do Cuango tem escritório-sede em Luanda, onde realiza a gestão integral de apoio à atividade mineira, a nível de administração, finanças e logística.

Grandes perspetivas para a mina do Cuango

A Cuango orgulha-se do seu percurso, promovendo a sustentabilidade e o progresso da empresa, de acordo com a própria Sociedade Mineira do Cuango.

A mina conseguiu recuperar após passar por algumas dificuldades no início da pandemia. Em 2018 e 2019, os números de quilates que eram produzidos anualmente eram 192 144,69 e 247 758,67, respetivamente; e a média de produção e vendas mensal era de 22 711,98 quilates (2018) e 18 444,38 quilates (2019).

Desde então, os resultados têm sido bastante positivos, tendo vindo a conquistar produções significativas e gerado resultados rentáveis.

A SMC previa arrecadar, em 2021, setenta e cinco milhões de dólares com a venda de diamantes; ter uma produção mensal de 20 000 quilates e esperava atingir até ao final do ano 247 000 quilates, com um preço médio de 350 dólares por quilate, segundo Hélder Carlos, o então Presidente do Conselho de Gerência da Sociedade Mineira do Cuango.

A jornada do diamante na mina

Na mina do Cuango são seguidas quatro fases de atividade: a de geologia e prospecção, a de exploração, a de metalurgia fase 1 e a da estação de escolha.

Na primeira fase, dá-se a seleção dos alvos disponíveis, isto é, com potencial para a descoberta de novos jazigos aluvionares nos terraços altos, nas colinas e na formação calonda (uma formação geológica presente no Nordeste de Angola, rica em diamantes, mas frequentemente de difícil exploração).

Estas características geomorfológicas e de mineralização dos alvos selecionados, ou seja, a grande espessura de estéril da formação calonda e a presença frequente de laterite (um tipo de rocha), levam à utilização de uma máquina escavadora para amostragem por sanjas.

O que é extraído das sanjas é tratado numa lavaria móvel de pré-tratamento para prospecção com a capacidade de 1,5 metros cúbicos por hora. O grão proveniente da lavaria móvel é depois concentrado na lavaria de prospecção de jigas com capacidade de processar 0,3 metros cúbicos por hora.

Imagem: SMC

Na fase de exploração, o cascalho é descarregado nas lavarias de pré-tratamento, lavado e crivado, e só o minério da classe granulométrica compreendida entre 1,25mm e 35mm passa à próxima fase, uma vez que um diamante menor que 1,25mm não tem valor comercial. Contudo, a probabilidade de recuperar diamantes com uma dimensão maior que 35mm é extremamente baixa. Nesta fase, aproximadamente 40% do minério é descartado.

Imagem: SMC

Na terceira fase, o grão recuperado na fase anterior é transportado e descarregado na chamada lavaria de meio denso. “Através de um ciclone de meio denso, o grão é separado de acordo com o seu valor de densidade”. Os diamantes têm uma densidade de 3,5 (caraterística do diamante que permite a sua separação dos outros minerais (como por exemplo o quartzo tem uma densidade de 2,65).

O material recuperado nesta fase é chamado concentrado. Os diamantes que estavam originalmente contidos em 1000 metros cúbicos de minério, estão agora contidos em cerca de 2 metros cúbicos de concentrado.

Na saída da lavaria de meio denso é recolhido o concentrado e transportado para a fase final de recuperação, onde é guardada com a máxima segurança.

Imagem: SMC

Na última fase, a estação de escolha, mais uma vez, são avaliadas as propriedades físicas do diamante para o separar de outros minerais satélites. Quando ocorre a separação final do processo metalúrgico, o material de densidade maior que 3,1 g/cm³ passa por outro processo para reduzir em volume, até que os diamantes são recuperados.

Têm em consideração, durante este derradeiro processo de avaliação, o aproveitamento da fluorescência dos diamantes sobre Raios X e a sua propriedade de não molhabilidade quando em contacto com a água. Os diamantes recuperados são crivados, pesados e declarados.

Imagens: SMC

A Sociedade Mineira do Cuango congratula-se com o facto de ser uma empresa que apresenta “resultados bastante animadores no setor mineiro angolano, contribuindo de forma significativa para a produção diamantífera aluvionar do país”. Pretende estar entre os maiores produtores a nível das frentes aluvionares do país.  

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