Mbuji-Mayi, mina MIBA
Em 1919 surge a Société minière du Bécéka (Mibeka), uma sociedade criada com o objetivo específico de explorar as riquezas minerais na região de Mbuji-Mayi, no Congo Belga.
Mas só na década de 1950 é que essas explorações começaram a dar frutos (em relação a diamantes) e surge a hipótese de que, a região então conhecida como Bakwanga, e os seus arredores, poderiam ter o depósito de diamantes mais importante do mundo. Foi feita uma estimativa de que, debaixo desses solos, poderiam estar pelo menos 300 milhões de quilates.
Em 1959, um ano antes da independência congolesa, o MIBA produziu 14,1 milhões de quilates de diamantes e, em 1961, estabeleceu uma taxa de produção recorde, com 18 milhões de quilates.
Em 1962, a Mibeka criou a Societé Minière de Bakwanga (MIBA), como sendo uma subsidiária dessa sociedade. Na altura, transferiu todos os seus direitos de exploração e ativos congoleses para o MIBA, enquanto os ativos belgas foram todos transferidos diretamente para a Bélgica. Essa independência dos direitos de mineração pela parte belga, não diminuiu a extração de diamantes nessa área, mas afetou seriamente o domínio do MIBA no comércio de diamantes da região.
No ano de 1963, os números de produção caíram drasticamente, devido à turbulência que se vivia no país, incluindo uma tentativa de estabelecer a região de mineração onde a companhia atuava, como o Estado Mineiro independente do Kasai do Sul. Nesse ano, a empresa produziu apenas 1,4 milhões de quilates de diamantes, quase todos industriais.

Tempos conturbados
As situações de instabilidade na República Democrática do Congo levaram a que, em 1963, entre 4 a 6 milhões de quilates de diamantes, tenham sido produzidos por contrabandistas que anteriormente eram rigidamente controlados pelos administradores coloniais belgas, para benefício da administração belga da empresa e, consequentemente, para benefício do Estado do Congo também.
Os lucros da empresa também foram confiscados pelo governo do Kasai do Sul, comandado pelo líder rebelde, Albert Kalonji. Estima-se que esses contrabandistas, só com as pedras que conseguiam desviar em 1961, tenham alcançado lucros estimados de 12 milhões de dólares americanos com o negócio dos diamantes.
Apesar do contrabando e da turbulência regional, a empresa era extremamente dominante no comércio mundial de diamantes e, em 1963, o MIBA produziu 80% dos diamantes industriais do mundo e 57% de todos os diamantes.
Situação actual
A Societé minière de Bakwanga é hoje uma empresa de mineração de diamantes com sede na República Democrática do Congo. As suas operações decorrem perto de Mbuji Mayi, na província de Kasai-Oriental, no centro-sul da RDC.
Aproximadamente 80% das ações da MIBA são de propriedade do Governo congolês e os restantes 20% pertencem à ex-subsidiária da Umicore, a Sibeka, que por sua vez é propriedade da Mwana Africa Plc e responsável pela operação das minas.
A 9 de Setembro de 2021 a empresa russa Alrosa lançou um memorando onde informava que “a Alrosa e a Société Miniere de Bakwanga (MIBA), uma empresa líder em mineração de diamantes na República Democrática do Congo, assinaram um memorando de entendimento para aumentar a cooperação empresarial, tecnológica, científica e técnica”. Este memorando foi assinado remotamente por Vladimir Marchenko, Vice-Diretor Executivo Chefe da Divisão Africana da Alrosa, e Paulin Lukusa Mudiayi Kalonji, Diretor Administrativo da MIBA.
Pandemia a destabilizar a situação da MIBA
Desde 2020, os funcionários da MIBA entraram em greve várias vezes por não terem sido pagos nos últimos dois anos da pandemia. A maior parte da população congolesa acredita que o dinheiro da empresa está a ser desviado pelo chefe do Governo congolês, Joseph Kabila, e os seus colaboradores. Os funcionários têm sofrido muito com esta situação que não parece ter solução, pelo menos nos próximos tempos.