Na joalharia, que teve o seu início na emblemática Baixa portuense, coexistem a modernidade e a tradição. Tem uma oferta diversificada com criações próprias, mas também de jóias e relógios de outras marcas de renome mundial e conquistou diferentes gerações ao longo de mais de um século de existência.
Decorria o ano de 1880 quando o comerciante José Pinto da Cunha abriu uma ourivesaria na Rua do Loureiro, no Porto, e ao seu lado ainda não existia a famosa Estação de São Bento, mas sim o Mosteiro de São Bento de Avé-Maria.
O edifício que acolheu a primeira boutique da Machado Joalheiro, na época ainda chamada Ourivesaria Cunha & Sobrinho: Jóias e objectos d’arte em prata, existe até hoje e retém várias caraterísticas originais no seu interior.
Contudo, em 1915, para acompanhar as tendências de comércio da época e como forma de crescimento da empresa, a ourivesaria mudou-se da Rua do Loureiro para a Rua 31 de Janeiro, também no Porto.

Imagem: Machado Joalheiro
A mudança teve o efeito desejado, uma vez que a empresa deixou de ser apenas uma referência nessa cidade e recebeu o título de embaixadora nacional de jóias e pratas ao estar presente em diversas feiras internacionais.
O período posterior à Segunda Guerra Mundial marcou uma nova e próspera fase na Ourivesaria Cunha, sobretudo com a entrada de Jacinto Machado, que juntamente com Pinto da Cunha, viajou para as principais cidades europeias, onde ia comprar pedras preciosas e procurar inspiração para o desenho das suas peças.
Os diamantes e a criação de jóias são até hoje partes essenciais da Casa, pois há muito estão associadas ao seu ADN, salientam os responsáveis pela Machado Joalheiro.
Todavia, Pinto da Cunha morre em 1957, ano que também simbolizou o início da dinastia Machado, com a inauguração da primeira loja com o nome Machado Joalheiro, também na Rua 31 de Janeiro, a acontecer vinte e um anos depois dessa mudança.
Em 1989 a marca abre uma loja no novo pólo de comércio de luxo da cidade, a Avenida da Boavista. Em 2008 a joalharia sai pela primeira vez do Norte do País e Lisboa recebe uma boutique da Machado Joalheiro, mais especificamente no Tivoli Forum, no centro da Avenida da Liberdade.
A dinastia Machado como força dinamizadora da marca
Depois de Jacinto Machado, que aprendeu as particularidades do setor joalheiro com Pinto da Cunha, é com o seu filho António, a quarta geração da família na Machado Joalheiro, que a empresa entra numa nova era.
Reconhecida pelo seu percurso consistente no setor ao longo de várias décadas, a empresa foi convidada a ser um dos membros fundadores da prestigiada Fondation de la Haute Horlogerie (FHH), uma associação sediada na Suíça, criada em 2005, que reúne aquelas que são consideradas as melhores empresas da indústria relojoeira a nível mundial.


A Machado Joalheiro vende jóias e relógios de marcas internacionais, como Chaumet, Pomellato, Dinh Van, Cartier, Jaeger-LeCoultre e Franck Muller, assim como coleções criadas pelos seus próprios designers.
Pela mão da família Machado, foi palco da primeira experiência internacional de duas marcas exclusivas a nível mundial, uma de jóias e outra de relógios.
A Dior, fundada em França, escolheu a boutique do Porto para abrir a sua primeira loja pop-up no País. A outra marca que decidiu sair do seu país de origem e aventurar-se no cenário internacional foi a Bell & Ross.
Quando existem ações de formação a nível internacional, os representantes da Bell & Ross normalmente contam o episódio de terem escolhido a Machado Joalheiro como sua anfitriã no seu processo de internacionalização.
Em relação às coleções próprias da Casa, o gosto e a visão de António Machado são tidos como os dois conceitos fundamentais na sua criação. Continua a ser o mentor da escolha das jóias, do design e do tipo de coleções que acha serem do melhor interesse dos clientes e que gostaria de ter nas lojas.
No entanto, a empresa, sem descurar o luxo que carateriza as suas coleções, observa que tem apostado cada vez mais em peças para as capacidades económicas de todos os seus clientes.
Machado Joalheiro Diamantes
Na montra da loja em Lisboa, além das jóias e dos relógios, destaca-se a frase “Machado Joalheiro Diamantes”, visto que a Casa possui uma ligação de longa data com os diamantes e essa pedra preciosa é uma das bases de procura nas suas três lojas físicas e na quarta, online.
Desde as gerações mais velhas aos jovens, a procura por diamantes sempre foi uma constante na joalharia que, no entanto, tem assistido a um crescimento da procura por parte de gerações mais novas que ambicionam ter uma peça com diamantes.
Contudo, existem diferenças notórias entre as duas cidades que acolhem boutiques da Machado Joalheiro. No Porto, os diamantes são uma procura regular, uma vez que já fazem parte da tradição da região, e sobretudo de peças com diamantes maiores e que facilmente se destacam.
Tendo em conta a capital portuguesa, os anéis de noivado com diamantes são as peças mais populares da joalharia. A Machado Joalheiro constata que a população mais jovem, que procura anéis com diamantes pretende agora complementá-los com safiras, rubis ou esmeraldas, e que existe ainda o ressurgimento e reinvenção de peças antigas.



Clientes de perto e de longe
O público nacional, que inclui personalidades famosas, foi crucial para a implementação da marca e acompanha a joalharia desde a sua fundação. No entanto, os clientes de outras nacionalidades também ajudaram a que se encontre parte da identidade da Machado Joalheiro pelo mundo.

Imagem: Machado Joalheiro
Nos anos 60, inclusivamente, uma turista alemã foi considerada a milionésima visitante do País e recebeu, assim, um presente da Machado Joalheiro, que foi incluída na sua visita oficial à cidade do Porto.
Nos momentos mais significativos e criativos
A joalharia marca presença nos melhores, mas também nos piores momentos de uma família, como na compra de uma peça para lembrar um ente querido que falece, através de jóias e diamantes.
É bastante comum a boutique em Lisboa receber clientes que procuram, não só anéis de noivado, mas que se interessam também pelo momento de escolha da peça que será uma das grandes protagonistas de um dia memorável para todos os envolvidos.
Alguns foram tão memoráveis que até hoje fazem parte da própria história da Machado Joalheiro. É o caso de um pedido de casamento único, que a joalharia ajudou a concretizar.
A proposta do futuro noivo era que os designers da joalharia concebessem um anel que coubesse numa caixa de lentes de contacto, para não alarmar os seguranças do festival de música em que queria surpreender a namorada.
Volvidos alguns anos desde o pedido de casamento, é ainda um momento recontado com orgulho na Machado Joalheiro.
Legado de uma marca centenária
O ano de 2020 marcou o 140.º aniversário da Casa Portuguesa, celebrado com o lançamento da Coleção 1880, que considerou os desenhos e esboços encontrados nos arquivos históricos. As jóias, em ouro e com diamantes, foram inspiradas em peças emblemáticas da marca, como andorinhas, libélulas e laços.
Imagens: Machado Joalheiro
Há muitos anos, quando a empresa contratava pessoas, era exigido que soubessem desenhar e conceber jóias, testando inclusivamente as suas capacidades nas entrevistas. A recuperação desses esboços, desenhados pelos entrevistados à frente do recrutador, deu origem à Coleção 1880.

Imagem: Machado Joalheiro
As peças dessa coleção são fruto do design que ainda hoje é considerado intemporal e foram assim reabilitadas.
A coleção reflete também aquilo que a Machado Joalheiro é hoje: uma marca inspirada na modernidade, mas que nunca se esquece da tradição e dos momentos que a tornaram uma das joalharias portuguesas mais antigas do País.